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Grécia: FMI pede aos europeus que só comecem a cobrar os empréstimos em 2040

O prazo de carência para o início do pagamento dos empréstimos está actualmente fixado em 10 anos. Ou seja, a Grécia só tem de começar a pagar aos europeus em 2023. O FMI pede que esse prazo seja atirado para 2040. É a condição para voltar a financiar o país, escreve o WSJ.

DR Governo grego
17 de Maio de 2016 às 12:17
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O Fundo Monetário Internacional (FMI) está a pressionar os países europeus para alongaram significativamente o prazo de carência para o início do pagamento dos empréstimos concedidos à Grécia. Actualmente estabelecido em dez anos – o que significa que a Grécia só começaria a pagar aos europeus em 2023 -  a instituição sedeada em Washington quer que esse prazo seja agora atirado para 2040. Tendo em conta que a maturidade média dos empréstimos é de 30 anos, só perto de 2080 a Grécia terá saldado as contas com os demais parceiros europeus.

Estes parâmetros estão a ser avançados pelo Wall Street Journal, segundo o qual só nestas condições o FMI voltar a financiar a Grécia no âmbito deste terceiro resgate que, de momento, está a ser unicamente assegurado por empréstimos do Mecanismo Europeu de Estabilidade,  braço financeiro da Zona Euro sedeado no Luxemburgo e presidido por Klaus Regling.

Já no Verão, na sequência da decisão de Atenas de fechar os bancos, o FMI alertara que a pública grega ficara a caminho dos 200% do PIB, um  valor "altamente insustentável", tendo então proposto aumentar os prazos de carência para o início da amortização dos empréstimos europeus de 10 para 30 anos.

"A dívida pública grega tornou-se altamente insustentável. Isto é devido à flexibilização das políticas ao longo do último ano, juntamente com a recente deterioração do contexto económico e financeiro interno por causa do fecho do sistema bancário que ampliou significativamente a  dinâmica adversa".


"As necessidades financeiras até ao fim de 2018 são agora estimadas em 85 mil milhões de euros e a dívida deverá atingir o pico próximo dos 200% do PIB nos próximos dois anos", escrevia o FMI em Julho, precisando que essas estimativas pressupunham um cenário em que fosse possível acordar rapidamente um novo - e terceiro - programa de assistência, como acabou por suceder.


Como os europeus recusam perdoar dívida, o FMI sugeria, então, que talvez tivessem de aumentar "dramaticamente" para 30 anos o prazo de carência para o início do reembolso dos empréstimos. "Outras opções incluem transferências anuais explícitas para o Orçamento grego ou acentuados 'hair-cuts'. A escolha entre as várias opções cabe à Grécia e aos seus parceiros europeus", escrevia o FMI, que continua a excluir, pela sua parte, fazer qualquer movimento para aliviar as condições de pagamento dos empréstimos concedidos a Atenas.

 

Na linha do que já havia sido prometido à Grécia em 2012, quando o segundo resgate ao país foi acompanhado do perdão de cerca de 100 mil milhões de euros de dívida grega comprada pelo sector privado, a possibilidade de voltar a esticar as maturidades dos empréstimos europeus e os prazos de carência tem sido assumida pelos europeus, que reabriram essa discussão há uma semana, no rescaldo da reunião extraordinária do Eurogrupo, de 9 de Maio. Medidas adicionais de alívio do fardo da dívida estão, porém, condicionadas à implementação das medidas  acordadas neste terceiro resgate e após uma conclusão positiva da primeira revisão do programa de assistência.

Neste momento, as taxas de juro cobradas à Grécia são praticamente iguais às que os fundos de resgate do euro (que têm rating máximo) conseguem captar nos mercados, tendo sido decretado um prazo de carência de dez anos para o pagamento de juros (a Grécia só começará a pagar aos europeus em 2023), ao mesmo tempo que os prazos de maturidade foram prolongados para uma média que ronda 30 anos. Trata-se de condições mais favoráveis do que as aplicadas aos demais resgatados do euro, entre os quais Portugal.

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