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Centeno: "Vamos ter um contributo construtivo, crítico às vezes"
Na comunicação em que justifica a candidatura à presidência do Eurogrupo, o ministro das Finanças promete dar um "contributo construtivo, crítico às vezes" para a construção europeia e reforço do bloco do euro. Centeno quer "afirmar Portugal no contexto europeu".
Na explicação ao país das razões que levaram o Governo português a formalizar a candidatura do ministro das Finanças à presidência do Eurogrupo, Mário Centeno disse que um objectivo central é o de "afirmar Portugal no contexto europeu" e prometeu dar um "contributo construtivo, crítico às vezes".
No Salão Nobre do Ministério das Finanças, Mário Centeno afirmou que "não nos diluímos" apesar da presença no projecto europeu - cujo compromisso é agora reforçado com a candidatura à liderança do bloco do euro -, uma ideia que pode ser lida como uma garantia de que o actual Governo não deixará de propor as suas próprias ideias.
"Somos um Governo que tem uma posição construtiva", recordou acrescentando que a mesma não deixa de ser "crítica" acerca do "momento em que nos encontramos" no que ao projecto europeu diz respeito. "Nunca abdicaremos da nossa posição, mas estaremos sempre prontos a acompanhar os consensos", concluiu.
Centeno promete assim procurar "caminhos alternativos, mas num contexto de agregação de vontade", ou seja, o governante luso não descurará a busca de "consensos" pese embora se proponha apresentar políticas alternativas. Para fortalecer esta perspectiva, o ministro recorreu à sua experiência governativa e aos bons resultados alcançados pela economia portuguesa para justificar que é possível fazer diferente dos ditames muitas vezes seguidos na Europa.
"Já demonstrámos que sabemos como fazer. E trazer isso para um nível europeu será seguramente um desafio que abraçamos com todo o gosto", notou salientando que "na Europa é possível aliar objectivos de consolidação orçamental ao crescimento inclusivo". A relevância do diálogo institucional foi destacada por Centeno que sublinhou que "alguns dos sucessos mais relevantes na política económica e financeira deste Governo foram feitos e conquistados em colaboração com as instituições europeias".
Desta colaboração e do trabalho desenvolvido pelo Governo português, resultaram o "cancelamento do processo de sanções" ou ainda "a capitalização da Caixa Geral de Depósitos", o que permitiu a Lisboa "projecção na Europa".
"Vivemos um tempo de decisões importantes na Zona Euro", prosseguiu Centeno explicando que "Portugal deve participar de forma activa" nos processos de reforma do bloco do euro e da União Bancária, desde logo porque "o futuro do país está ligado ao futuro da União Europeia".
Centeno quer que o euro passe a ser visto "verdadeiramente como uma moeda comum", que promova o crescimento de todos os seus Estados-membros. "O euro deve ser um instrumento que promova a convergência económica e social", sustenta sublinhando o papel que o Governo liderado por António Costa tem desempenhado na afirmação da necessidade de completar a União Bancária e de criar mecanismos capazes de reforçar a convergência entre os 19 que integram a Zona Euro. Centeno recordou que nos próximos dias 14 e 15 de Dezembro terá lugar uma Cimeira Europeia para discutir estes temas.
O facto de os "desafios" enfrentados por Portugal serem "comuns a muitos países europeus" é outro facto que Mário Centeno considera serem favoráveis à sua candidatura. É preciso "enfrentar estes desafios enquanto países mas também enquanto União", defendeu voltando a puxar dos galões da sua própria experiência no Governo. "em Portugal soubemos sempre responder a estes desafios".
Centeno confirma contactos "nos últimos meses"
O governante luso confirmou que "houve inúmeros contactos nos últimos meses" para preparar a sua candidatura que, repetiu, tem como objectivo "enquadrar o que é a agenda europeia que o Governo promove", sempre procurando "consensos externa e internamente". Mário Centeno não esqueceu a necessidade de ao nível interno consensualizar posições com os restantes partidos da actual maioria parlamentar.
Além da afirmação do país na Europa, o candidato à sucessão de Jeroen Dijsselbloem explicou que "não há melhor forma" para promover as ideias do Governo português para a Europa do que "assumir responsabilidades" e estar "pronto para colaborar nessa construção".
A terminar, Centeno declarou que "estamos activamente a projectar a participação de Portugal na construção da área do euro e, daí, o país tem ganhos óbvios porque um Estado-membro que não participa nesse processo não pode tirar os benefícios" decorrentes da presença no bloco do euro.
(Notícia actualizada às 14:31)