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Ferreira do Amaral: "Uma visão diferente da de Dijsselbloem é positiva"
João Ferreira do Amaral elogia o papel de Centeno a defender as políticas dos últimos anos, mas avisa que o seu poder no Eurogrupo será limitado.
A candidatura e eventual eleição de Mário Centeno para a liderança do Eurogrupo confirma a capacidade do ministro de defender outra visão para a Zona Euro, e é por isso um bom sinal, mas que não deve ser sobrevalorizado, defende João Ferreira do Amaral, economista e professor do ISEG.
"É positivo termos uma visão diferente da de Dijsselbloem [o actual presidente]". "Como não acredito que a austeridade permanente funcione, tudo o que seja uma porta aberta para que assim não seja, é bom", diz ao Negócios João Ferreira do Amaral à margem de uma conferência sobre o futuro da economia portuguesa organizada pela CGD, acrescentando um aviso: "Mas o poder dele é limitado: ou seja, é positivo, mas não alterará o essencial das políticas da Zona Euro".
Quanto ao eventual choque entre o papel de ministro das Finanças desafiador das regras europeias, e o de presidente do Eurogrupo que deve defender essas mesmas regras, Ferreira do Amaral tem confiança na capacidade de Centeno: "Não é fácil, mas também não era fácil defender as políticas dos últimos anos e ele fê-lo, demonstrando a sua capacidade" avalia.
A candidatura de Centeno foi confirmada durante a manhã de quinta-feira: "O Governo português apresentou esta manhã a candidatura do Ministro das Finanças, Mário Centeno, à presidência do Eurogrupo. A eleição terá lugar na próxima reunião do Eurogrupo, agendada para segunda-feira, dia 4 de Dezembro", lê-se num comunicado do Executivo.
Mário Centeno será o candidato apoiado pelos socialistas europeus que terão já garantido o apoio de grande parte dos governos do PPE. Se assim for, na segunda-feira Centeno poderá ser eleito o próximo presidente do Eurogrupo, para o que também pode contribuir o facto de o Partido Popular Europeu já deter as presidências da Comissão Europeia, do Conselho Europeu e do Parlamento Europeu através de Jean-Claude Juncker, Donald Tusk e António Tajini, respectivamente. Ou seja, se a presidência do Eurogrupo pertencer a alguém oriundo do PSE, estaria garantido maior equilíbrio entre os dois maiores partidos europeus.
Os três principais desafios do próximo presidente do Eurogrupo são a reforma da união monetária, a coordenação das políticas europeias e o fim do resgate grego, além da manutenção da influência do Eurogrupo dentro da UE.