Notícia
Daniel Bessa sobre Centeno: "Sabe o que quer e está perto de o conseguir"
Daniel Bessa elogia determinação de Mário Centeno, mas vê desafios na conciliação entre o que defenderá em Bruxelas e em Portugal.
A candidatura e eventual eleição de Mário Centeno para a liderança do Eurogrupo confirma a capacidade do ministro português de conseguir os objectivos a que se propõe, uma característica que Daniel Bessa elogia, avisando para desafios que poderá encontrar para vestir os dois chapéus, o de ministro das Finanças nacional e o de presidente do Eurogrupo.
"Tenho sempre admiração por pessoas que querem muito uma coisa e lutam por ela", diz o economista e ex-ministro da Economia ao Negócios à margem de uma conferência sobe o futuro da economia portuguesa organizada pela CGD.
Quanto ao que Mário Centeno poderá influenciar na frente europeia, caso passe a liderar o Eurogrupo, Daniel Bessa baixa as expectativas: "A Europa estaria mal se cada vez que muda uma pessoa, a política pudesse mudar", diz, reconhecendo que poderá ser um desafio para Centeno gerir a tensão entre o papel de ministro das Finanças desafiador das regras europeias, e o de presidente do Eurogrupo que deve defender essas mesmas regras. "Será um problema dele, que terá de ponderar" como gerir, nomeadamente entre o que defenderá lá fora e cá dentro.
A candidatura de Centeno foi confirmada durante a manhã de quinta-feira: "O Governo português apresentou esta manhã a candidatura do Ministro das Finanças, Mário Centeno, à presidência do Eurogrupo. A eleição terá lugar na próxima reunião do Eurogrupo, agendada para segunda-feira, dia 4 de Dezembro", lê-se num comunicado do Executivo.
Mário Centeno será o candidato apoiado pelos socialistas europeus que terão já garantido o apoio de grande parte dos governos do PPE. Se assim for, na segunda-feira Centeno poderá ser eleito o próximo presidente do Eurogrupo, para o que também pode contribuir o facto de o Partido Popular Europeu já deter as presidências da Comissão Europeia, do Conselho Europeu e do Parlamento Europeu através de Jean-Claude Juncker, Donald Tusk e António Tajini, respectivamente. Ou seja, se a presidência do Eurogrupo pertencer a alguém oriundo do PSE, estaria garantido maior equilíbrio entre os dois maiores partidos europeus.
Os três principais desafios do próximo presidente do Eurogrupo são a reforma da união monetária, a coordenação das políticas europeias e o fim do resgate grego, além da manutenção da influência do Eurogrupo dentro da UE.