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Alemanha aprova terceiro resgate à Grécia
O parlamento alemão já deu luz verde ao terceiro resgate a Atenas. Esta tarde, o Conselho de Governadores do MEE vai aprovar e pôr em marcha o desembolso da primeira tranche do empréstimo internacional.
O Parlamento alemão aprovou esta quarta-feira, 19 de Agosto, o terceiro resgate a Atenas, com 454 votos a favor, 113 contra e 18 abstenções.
Entre os deputados do partido de Angela Merkel, 63 votaram "não" e três abstiveram-se, um número de opositores ligeiramente superior ao da votação anterior. Em Julho, quando os parlamentares foram chamados a validar o início das negociações com o Governo grego sobre um novo programa de assistência financeira, 60 deputados conservadores votaram contra e cinco abstiveram-se.
Antes da votação, o ministro das Finanças, Wolfgang Schäuble, apelou à aprovação do empréstimo por parte dos deputados, argumentando que seria "irresponsável" não dar uma oportunidade à Grécia de começar de novo.
"É claro que, depois da experiência dos últimos anos e meses, não há garantias de que tudo vai funcionar, e é permitido ter dúvidas", afirmou Schäuble, no Bundestag. "Mas uma vez que o Parlamento grego já aprovou grande parte das medidas, seria irresponsável não aproveitar a oportunidade para um novo começo na Grécia".
No final de um discurso de cerca de 20 minutos, o ministro das Finanças reforçou o apelo. "Com total convicção, apelo agora ao voto a favor da moção", rematou o governante. "A hipótese está lá, se é aproveitada ou não, cabe aos gregos decidir".
Também a chanceler alemã, Angela Merkel, se vinha esforçando, nos últimos dias, para convencer os deputados do seu partido, a CDU, da viabilidade e importância do acordo alcançado entre o Governo grego e os parceiros europeus.
Na segunda-feira, em entrevista à ZDF, a governante assegurou "não ter dúvidas" de que o Fundo Monetário Internacional (FMI) participará no terceiro resgate a Atenas. Isto porque a instituição liderada por Christine Lagarde condiciona o seu envolvimento no programa de assistência financeira a um alívio "significativo" da dívida grega, que só deverá ser debatido, em profundidade, depois de Outubro.
Merkel queria controlar a rebelião dentro do seu partido, num contexto de crescente oposição aos resgates financeiros. Esta manhã, no debate realizado no Bundestag, Klaus-Peter Willsch, deputado do partido de Merkel, garantia que o terceiro resgate não vai funcionar e que a Grécia não vai vingar na Zona Euro.
"A Grécia não vai vingar na Zona Euro e não seremos bem-sucedidos em manter a Zona Euro unida à força, contra a vontade do povo", afirmou o deputado, que se tem oposto, constantemente, aos resgates. "Se não permitimos que a Zona Euro respire, e isso significa permitir que a Grécia saia agora com a sua própria moeda, então o euro vai falhar".
Embora os números não sejam directamente comparáveis (já que o número de deputados não é o mesmo), é possível perceber que a quantidade de opositores aos resgates gregos foi crescendo, ao longo do tempo, no Bundestag.
Em 2010, quando o parlamento alemão foi chamado a validar o primeiro resgate a Atenas, o empréstimo foi aprovado com 390 votos favoráveis, 72 contra e 139 abstenções. Em 2012, na votação do segundo empréstimo a Atenas (que elevou o total concedido para 240 mil milhões de euros), os votos a favor subiram para 496, as abstenções desceram para cinco e os votos contra também aumentaram para 90. A extensão do empréstimo por quatro meses, votada em Fevereiro deste ano, mereceu o voto favorável de 541 dos 586 deputados que deram o seu parecer. No entanto, a chanceler alemã enfrentou a oposição de 29 deputados da CDU e CSU e três abstenções.
Além do Bundestag, o terceiro resgate ainda precisa do "ok" do parlamento holandês, que já está a debater o acordo.
Esta tarde, às 18 horas de Lisboa, o Conselho de Governadores do Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE) - que são os próprios ministros das Finanças do euro - vai realizar uma conference call para aprovar e colocar em marcha o desembolso da primeira tranche do empréstimo, no valor de 26 mil milhões de euros.
(Notícia actualizada às 13h00)