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Defesa europeia: Paris e Berlim querem pressa após vitória de Trump. Londres suaviza oposição

França e Alemanha argumentam que uma UE mais forte na defesa irá também fortalecer a Aliança Atlântica, e, juntamente com Itália e Espanha, consideram que a eleição de Trump impõe que se acelererem os planos de uma maior cooperação entre europeus fora do quadro da NATO.

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14 de Novembro de 2016 às 17:26
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O chefe da diplomacia britânica, Boris Johnson (na foto), mostrou-se aberto à possibilidade de os países da União Europeia avançarem no caminho da integração militar, desde que a sua acção seja "complementar" à da NATO.

Falando nesta segunda-feira, 14 de Novembro, à margem da reunião dos ministros europeus dos Negócios Estrangeiros que decorre em Bruxelas, Johnson afirmou que os países europeus devem "assumir maiores responsabilidades" na sua própria defesa, e que uma maior cooperação e até integração dos respectivos meios militares será uma "coisa boa", desde que seja "complementar" à NATO.

Até agora, Londres tem-se mostrado resolutamente contra a perspectiva de que uma maior cooperação em matéria de segurança e de defesa na UE – clube de que está a sair – possa resultar na criação de um exército europeu, temendo uma secundarização do papel NATO e, logo, de Londres, membro fundamental da Aliança Atlântica. Ainda em Setembro, o ministro britânico da Defesa, Michael Fallon, disse concordar que "a Europa precisa de reforçar-se para enfrentar os desafios do terrorismo e das migrações, mas vamos continuar a rejeitar qualquer ideia de um exército da União Europeia ou de um quartel-general, o que apenas iria debilitar a NATO".

Desde a segunda guerra mundial, a defesa da Europa está alicerçada na NATO, que, por sua vez, se alicerça nos Estados Unidos. Ainda em Fevereiro, Washington aumentou as verbas destinadas a reforçar a luta contra o Daesh e "a nossa posição na Europa e apoiar os nossos aliados na NATO face às agressões da Rússia", afirmou, na altura, o secretário de Estado da Defesa Ashton CarterDonald Trump, vencedor das eleições presidenciais, poderá fazer agora marcha atrás, após ter repetidamente avisado durante a campanha que os europeus têm de passar a pagar e a assegurar mais a sua segurança e a de territórios vizinhos.

 
Neste momento, sobre a mesa dos governos europeus estão propostas, nascidas de um entendimento franco-germânicas, que vão no sentido de os países da UE (ou de alguns deles) articularem, através de uma "cooperação estruturada permanente", os seus meios de defesa, o desenvolvimento de equipamento militar, a segurança no ciberespaço, propondo-se ainda a criação de um quartel-general em Bruxelas (onde está sedeado o quartel-geral da NATO) dedicado apenas a missões de natureza civil.

França e Alemanha asseguram que uma UE mais forte na defesa irá também fortalecer a Aliança Atlântica, e, juntamente com Itália e Espanha, consideram que a eleição de Trump impõe que se acelererem os planos de uma maior cooperação entre europeus fora do quadro da NATO.

Reagindo ao resultado das eleições nos Estados Unidos, Federica Mogherini considerou neste fim-de-semana que, com a eleição do magnata republicano, os Estados Unidos entram numa "fase totalmente diferente, que tem ainda de se definir, especialmente no campo da política externa". Perante essa incerteza, "cada vez mais temos a responsabilidade de desempenhar o papel de um poder indispensável para a paz e segurança na nossa região e no mundo", concluía a chefe da diplomacia europeia, que coordena o encontro dos ministros europeus dos Negócios Estrangeiros que decorre hoje em Bruxelas.

Durante a campanha, Donald Trump criticou a NATO e o facto de os EUA estarem comprometidos com a defesa de países que não investem o suficiente na sua própria segurança. Agora, o presidente eleito está a ser pressionado pelos aliados a clarificar a sua posição, não só em relação à Aliança Atlântica mas também em face da Rússia.

Nalgumas capitais europeias, designadamente em Berlim, existe o receio de que os Estados Unidos passem a ser mais complacentes e que, a troco de uma postura mais clara e consistente de Vladimir Putin na guerra que se trava na Síria e no Iraque, Washington possa fechar os olhos à anexação da Crimeia, mas também ao apoio de Moscovo aos separatistas russos de Donbass (no Leste da Ucrânia). Particularmente inquietos estão também os Bálticos, países da ex-União Soviética e actuais membros da UE e da NATO, que têm sido pontualmente alvos de manobras intimidatórias russas.
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