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O sistema e o anti-sistema vão com Trump para a Casa Branca

Donald Trump já escolheu o seu chefe de gabinete e o seu conselheiro estratégico. As duas primeiras nomeações não podiam ser mais distintas: um faz parte do partido, o outro é o anti-sistema.

Reuters
13 de Novembro de 2016 às 23:16
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A primeira decisão de Donald Trump já foi tomada. O Presidente eleito dos Estados Unidos nomeou dois dos seus assessores mais próximos durante a campanha para a sua Administração.

 

O seu chefe de gabinete será Reince Priebus, presidente do partido Republicano. Como titula o New York Times, Trump faz aceno com a cabeça ao Partido Republicano. Trump não se terá esquecido que tem de ter o apoio dos deputados republicanos para fazer passar muitas das suas leis. 

Steve Bannon, que liderou a campanha de Trump e é o presidente da Breitbart News, será o seu conselheiro e chefe de estratégia. Um opositor ao "establishment". 


"Steve e Reince são líderes altamente qualificados que trabalharam bem em conjunto na nossa campanha e levaram-nos a uma vitória histórica. Agora, terei os dois comigo na Casa Branca onde trabalharemos para tornar a América grande outra vez", declarou Trump num comunicado.


A CNN realça o facto de o comunicado
, que nomeava Bannon primeiro, se referir aos dois homens como "parceiros iguais".


"Bannon e Priebus vão continuar a eficaz equipa que formaram durante a campanha, trabalhando como parceiros iguais na transformação do governo federal, tornando-o muito mais eficiente, eficaz e produtivo", declarou o Presidente eleito.


Ao ir buscar um homem do partido, como é o caso de Priebus – um dos mais antigos líderes do partido -, Trump pisca o olho ao partido pelo qual foi eleito mas do qual teve alguma oposição. Como salienta o site Politico, Donald Trump coloca a sua confiança numa figura do partido depois de ter até lutado contra o "establishment" político desde o início da sua candidatura.

O comunicado diz ainda que ambos vão trabalhar em conjunto com o vice-presidente Mike Pence no processo de transição.

Priebus, citado pelo Politico, já reagiu, dizendo que é uma honra fazer parte da equipa de Trump na Casa Branca. "Estou muito agradecido pela oportunidade de o servir e servir a nação, num trabalho de criar uma economia que funciona para toda a gente, segurar as nossas fronteiras, reverter e substituir o Obamacare e destruir o terrorismo radical islâmico. Vai ser um grande Presidente para todos os americanos".

O chefe de gabinete é tradicionalmente a primeira escolha de um presidente eleito, mas desta vez o anúncio que saiu primeiro foi o de Bannon para conselheiro de Trump. Também era falado como hipótese para chefe de gabinete.

Conforme lembra o Politico, Priebus garantirá à Casa Branca uma maior relação funcional com os líderes do Congresso, como o presidente da Câmara dos Representantes, Paul Ryan, e do Senado, liderado por Mitch McConnell. Ora, Bannon utilizou, em tempos, o seu site Breitbart para minar Ryan, com quem colidiu Trump durante a campanha.

A CNN escreve mesmo que Paul Ryan, que esteve com Trump quinta-feira, 10 de Novembro, e o líder do Senado, Mitch McConnell, aconselharam Trump a escolher Priebus para chefe de gabinete. Também o genro e conselheiro de Trump, Jared Kushner, terá aconselhado em privado a decisão. Depois do anúncio um porta-voz de Ryan disse estar satisfeito com a escolha. Já antes, Priebus funcionou como intermediário entre Trump e o partido, nomeadamente com Ryan, quando este se recusou a apoiar Trump na corrida à Casa Branca.

Depois da vitória de Trump, Paul Ryan fez saber que tinha enterrado o machado de guerra.

Bannon, por seu lado, representa o estilo despojado da política, o que convenceu os instintos mais inflamados de Trump, escreve a CNN. Mas Bannon foi altamente criticado durante a campanha por ser da direita alternativa conservadora (designada de "alt right"). Banon esteve na Marinha e no banco de investimento Goldman Sachs, além de ter estado ligado aos media de direita, nomeadamente ao Breitbart News que, como lembra o New York Times, acusou o Presidente Obama de "importar mais muçulmanos", comparou o controlo da natalidade ao holocausto; e aconselhou as mulheres vítimas de assédio na internet de se desligarem da rede e pararem de estragar a internet para os homens.

Bannon associou-se à campanha de Trump em Agosto, juntamente com a directora de campanha Kellyanne Conway, depois de despedido Paul Manafort.


Mas é ao chefe de gabinete que cabe a gestão de toda a Administração e terá centenas de trabalhadores da Casa Branca a reportar-lhe. Será o primeiro travão de Trump e a pessoa responsável pelo dirigir a agenda presidencial para o Congresso, um papel essencial para Trump que nunca esteve em cargos públicos. Trump fez, aliás, no discurso da vitória uma referência especial a Priebus, com quem, disse, nunca teve um segundo mau. "É uma estrela surpreendente", declarou.




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