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Cameron: “Temos de demorar algum tempo” para a saída da UE ser “bem feita”

O primeiro-ministro britânico defendeu que o Reino Unido deve manter uma “relação forte e próxima” com a União Europeia mesmo depois de sair. E para a saída correr bem, é preciso “demorar algum tempo” até invocar o artigo 50º do tratado da UE.

Reuters
28 de Junho de 2016 às 23:26
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David Cameron defendeu que vai demorar tempo até o Reino Unido perceber qual é o caminho que quer seguir fora da União Europeia. Por isso é que a decisão de invocar o artigo 50º, iniciando formalmente o processo de saída do projecto europeu, deve ficar nas mãos do seu sucessor na liderança do governo britânico.

Numa conferência de imprensa após o final de um jantar com os restantes Estados-membros, em Bruxelas, Cameron disse que "a visão maioritária" entre os 28 "é que temos de fazer isto bem feito; não devemos demorar muito tempo mas devemos demorar algum tempo a fazê-lo bem".

 

"Invocar o artigo 50º vai funcionar melhor se os dois lados souberem o que têm de fazer", acrescentou. Agora segue-se "trabalho intensivo, meu e do próximo primeiro-ministro, sobre o próximo modelo [de relacionamento] que queremos atingir, e será uma decisão para o próximo primeiro-ministro. Não posso apontar uma data num calendário", afirmou o ainda primeiro-ministro britânico.

 

Só "uma ou duas pessoas" é que pediram para apressar o processo, algo que Cameron disse "compreender perfeitamente".

 

Para isso será agora criada uma "unidade nova" em Whitehall (sede do Governo). "Vamos examinar as diferentes alternativas de forma neutra. Mas será o próximo Governo a decidir qual o caminho a seguir. E a decisão de invocar o artigo 50º será do próximo Governo", reiterou. Ou seja: Londres vai agora decidir o que pode ser feito a seguir, mas a decisão só será tomada pelo próximo Executivo.

 

Questionado pelos jornalistas, David Cameron admitiu ter discutido com os restantes líderes europeus sobre os motivos que levaram o "Leave" a ganhar. "Acho que as pessoas reconheceram a força do argumento económico para ficar, mas houve uma grande preocupação com a mobilidade de pessoas e a imigração, e acho que isso está ligado à preocupação com questões de soberania", declarou. E isso deve levar tanto o Reino Unido como a UE a reflectirem.

 

David Cameron admitiu estar triste, mas não se arrepende do referendo. "É uma noite triste para mim porque não queria estar nesta posição, queria reformar a União Europeia pelo seu interior", reconheceu. "Claro que lamento o resultado, não lamento o referendo, acho que foi a coisa certa a fazer", acrescentou ainda. "No fim de contas, luta-se pelo que se acredita. Se se ganha, muito bem; se não, tem que se aceitar o veredicto", rematou.

Relação com a UE deve continuar "o mais próxima possível"

A reunião desta noite foi marcada por um tom de "tristeza e lamento". "Os nossos parceiros estão genuinamente tristes que queiramos sair desta organização e foi esse o tom das discussões", descreveu Cameron. Apesar disso, "houve discussões muito construtivas, eles estavam positivos, calmos e compreenderam que a Europa e o Reino Unido devem procurar as relações mais próximas quando o Reino Unido sair", em áreas como o "comércio, a cooperação ou a segurança".

O Reino Unido "não deve, não pode e não vai virar as costas à Europa". Esta foi uma reunião "sobre como sair da União Europeia, mas querendo ter a relação mais próxima possível". "Quando penso na Europa, penso nos nossos vizinhos, aliados e parceiros, e devemos tentar encontrar a melhor relação que pudermos pelo nosso interesse conjunto", sublinhou o primeiro-ministro britânico, que deixou uma garantia: "o meu sucessor vai querer ter uma relação forte com a UE e relações bilaterais fortes" com os restantes estados-membros.


(Notícia actualizada com mais informação às 00:17)

* Em Bruxelas, a convite do PPE

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