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Britânicos continuam divididos quando à saída do país da UE
A menos de três meses do referendo multiplicam-se as sondagens sobre a permanência do Reino Unido na União Europeia. A mais recente dá vantagem aos partidários da manutenção do país no bloco europeu, mas só por um ponto.
O apoio à permanência do Reino Unido na União Europeia fixou-se nos 44% na mais recente sondagem do ICM, conduzida online entre 1 e 3 de Abril a duas mil pessoas. Os inquiridos a favor do "Brexit" – da saída do país da União Europeia – foram 43%, sendo que se registaram 13% de indecisos.
Estes resultados deixam em aberto uma conclusão sobre o sentido de voto dos britânicos no referendo marcado para 23 de Junho sobre a manutenção do Reino Unido no bloco europeu.
Enquanto isso, um estudo divulgado no mesmo mês pela Universidade de Edimburgo mostrava que, de uma forma geral, os eleitores de seis Estados-membros da União Europeia – sendo eles a Alemanha, França, Polónia, Irlanda, Espanha e Suécia - preferiam que o Reino Unido continuasse a pertencer à organização europeia.
O ministro das Finanças alemão chegou mesmo a fazer manchete quando disse que "choraria" caso os britânicos optassem pela separação.
A caminho do referendo multiplicam-se não apenas as sondagens, como as notícias sobre as implicações das escolhas britânicas.
Há poucos dias o economista-chefe do departamento de "ratings" soberanos da Standard & Poor’s, Moritz Kraemer, alertou que se o país optar por um "brexit" é "provável que perca o seu lugar entre um clube exclusivo dos países mais bem cotados" e sofra consequências económicas significativas e prolongadas.
No mesmo sentido, no final de Março deste ano, o Banco de Inglaterra alertou que o Reino Unido pode sofrer uma crise de crédito se os eleitores votarem a favor da saída da União Europeia.
A avaliação da agência de rating Moody’s Investors Service sobre este tema foi igualmente desfavorável ao "brexit", alertando para repercussões negativas em toda a linha. "O ‘Brexit’ conduziria a uma maior incerteza e a um crescimento modestamente mais fraco no médio prazo no Reino Unido", salientou a agência de notação financeira num relatório publicado em Março.
Os economistas do UBS acreditam que a saída pode conduzir à paridade da libra face ao euro, informaram em Fevereiro. "Os preços recentes indicam claramente que uma votação para a saída resultaria numa descida acentuada no valor da moeda. Pensamos que iria até à paridade [face ao euro] ao longo da segunda metade do ano".
Na primeira análise oficial sobre os efeitos de uma saída do país do bloco europeu, conhecida também em Fevereiro deste ano, o Governo britânico refere que o "brexit" conduziria a "uma década de incerteza" prejudicial à economia. Mais tarde, o ministro das Finanças George Osborne caracterizou a saída como um "divórcio confuso, longo e dispendioso".
Osborne alinha com o primeiro-ministro britânico David Cameron, sendo ambos favoráveis à permanência do país na UE. Cameron chegou a acordo sobre os termos da permancência do país no bloco em Feveiro último, após meses de conversações com os parceiros europeus. O reverso da moeda passava pelo responsável fazer campanha a favor da manutenção.
Do lado contrário, uma das mais proeminentes figuras favorável à saída da UE é o "mayor" de Londres, Boris Johnson que, escreve o Político, comparou o "brexit" à saída da prisão.
"É como se o oficial deixasse acidentalmente a porta aberta e as pessoas podem ver a luz do sol ao fundo e, de repente, toda a gente debate os terrores do mundo exterior. Será, na verdade, maravilhoso. E vai levantar um peso enorme do sector empresarial britânico", disse.
Do mesmo lado do debate está John Longworth, ex-director-geral da Câmara do Comércio Britânica, que se demitiu do cargo na sequência de uma suspensão motivada pelo seu posicionamento favorável ao "brexit".