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Banco de Inglaterra prepara plano de contingência para possibilidade de “Brexit”
O governador do Banco de Inglaterra revelou que a autoridade monetária britânica está a trabalhar num plano de contingência para o caso de o referendo de 23 de Junho determine que o Reino Unido sai da União Europeia.
O governador do Banco de Inglaterra, Mark Carney (na foto), disse esta terça-feira, 23 de Março, no Comité do Tesouro, que a autoridade monetária está a preparar um plano de contingência para o caso do "Brexit". Está agendado para 23 de Junho um referendo no Reino Unido onde os eleitores vão decidir sobre a permanência ou saída da nação da União Europeia (UE).
De acordo com o jornal inglês The Guardian, a Autoridade de Regulação Prudencial britânica está a ser informada dos planos de contingência que estão a ser elaborados pela banca britânica. Mais detalhes sobre estes planos deverão ser conhecidos no próximo dia 8 de Março, altura em que Mark Carney vai marcar presença neste comité com o tema do referendo especificamente em cima da mesa, aponta a mesma fonte.
Depois de negociações intensas na passada quinta e sexta-feira (18 e 19 de Fevereiro), no passado sábado, o primeiro-ministro britânico, David Cameron, anunciou que o referendo vai realizar-se a 23 de Junho. Ontem e hoje a libra tem sofrido desvalorizações face às principais congéneres – por esta altura a libra perde 0,12% para 1,2814 euros – com os investidores a recearem uma saída do país da UE.
Esta manhã, no Comité do Tesouro, Mark Carney, citado pelo jornal The Telegraph, disse que não fazia julgamentos sobre o desfecho do referendo mas notou que as movimentações cambiais ocorreram após ter sido formalmente estabelecida a data para que os britânicos tomem uma decisão em relação à UE.
"Estamos a tratar esta votação exactamente da mesma forma que tratamos qualquer outro evento político" assinalou. "Noto, ainda assim, que têm existido movimentos na libra esterlina desde que se tornou claro o momento do referendo".
De Boris Johnson às empresas
Com a marcação da data para o referendo, as posições dos vários actores da sociedade britânica começam a tornar-se claras. Se David Cameron, chefe de Governo, faz campanha por uma manutenção do Reino Unido na União, Boris Johnson, conservador tal como Cameron e presidente da Câmara de Londres, está do lado oposto. Boris Johnson é a favor de uma saída, indo fazer campanha nesse sentido, algo que está a ser visto por alguma imprensa como uma tentativa do mayor de Londres para voos mais altos.
Johnson poderá ambicionar ser o sucessor de Cameron à frente do Partido Conservador. Uma atitude que o próprio pai de Johnson, em declarações à estação Sky News, não acredita que tenha tal efeito. Ainda que, o mayor de Londres esteja a ser encarado como uma das forças de peso pela saída do Reino Unido, Cameron tem também de enfrentar o facto de cinco dos seus ministros querem uma saído do país do bloco europeu.
As empresas do Reino Unido estão sobretudo do lado do "Sim", ou seja, de uma permanência na União a 28. Inclusivamente, responsáveis de cerca de metade das empresas do londrino FTSE-100 elaboraram um documento a favor da permanência do Reino Unido na UE onde defendem que o país é "melhor, mais forte e mais seguro" no bloco dos 28.
Inclusivamente, e de acordo com a Sky News, presidentes e CEO de 36 empresas listadas do FTSE 100 – incluindo a Marks & Spencer, Kingfisher e Vodafone – alertaram que um "Brexit" iria "travar investimento e ameaçar postos de trabalho".
As agências de "rating" também já alertaram para os riscos de um "Brexit". A agência de notação financeira Moody’s admitiu ontem colocar o "rating" do país sob perspectiva negativa, caso o referendo de Junho resulte na vitória do "Brexit". A saída da União Europeia pode afectar as exportações do país e penalizar o crescimento, alerta a Moody's.
A agência de "rating" Fitch avisa que a vitória do "Brexit" no referendo de Junho terá impacto ao nível da confiança e das decisões de investimento, com "riscos significativos" para o país.