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"Não" no referendo só trará "ilusão de soberania ao Reino Unido

David Cameron conseguiu um "estatuto especial" para o país perante Bruxelas. Diz que com o "novo acordo" obtém "o melhor dos dois mundos", mas já tem vários opositores à sua visão. Entre eles o "mayor" de Londres que quer o país fora da UE.

Reuters
21 de Fevereiro de 2016 às 21:03
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"Negociei um acordo que garante ao Reino Unido um estatuto especial na União Europeia". Foi desta forma que David Cameron se congratulou com o entendimento alcançado após dois dias de intensas negociações com os parceiros europeus. Um compromisso que o primeiro-ministro britânico promete defender na campanha para o referendo de 23 de Junho onde, diz, uma vitória do "não" à manutenção na UE só trará uma "ilusão de soberania".

O "novo acordo" garante o pretendido "travão de emergência" por um período de até sete anos não renováveis à atribuição de certos benefícios sociais aos novos imigrantes comunitários. Os imigrantes também só terão completo acesso às vantagens do Estado Social britânico após quatro anos completos de descontos no país.
Cameron não conseguiu que Londres garantisse o direito de veto sobre a adopção, no âmbito da Zona Euro, de novas regulamentações no sector financeiro, mas garantiu que o sector financeiro britânico será regulado pelas instituições locais e não pelo BCE.

O acordo alcançado em Bruxelas permite a Londres ficar "com o melhor de dois mundos", diz Cameron. "Estaremos no mercado único, teremos cooperação política para manter o nosso povo seguro, mas estaremos fora dos projectos de que não gostamos, fora do euro, fora do acordo para que não haja fronteiras", afirmou.
"Seria irónico que saíssemos da União, negociássemos o nosso regresso ao mercado comum e deixássemos de ter a capacidade de implementar as restrições às ajudas sociais [aos cidadãos comunitários] que eu negociei", defendeu.

Oposição interna

David Cameron, que irá fazer campanha pelo "sim" à manutenção do Reino Unido no referendo, defende que "se ficarmos numa Europa reformada, sabemos o que vamos encontrar. Sabemos como fazer negócios lá, como criar emprego, como continuar a [promover] a nossa recuperação económica". Por outro lado, que deixar a UE "seria um passo para a escuridão, com um risco real". Mas há quem discorde.

Cinco membros do Governo liderado pelo primeiro-ministro britânico demarcaram-se da posição oficial do executivo. Michael Gove, o titular da pasta da Justiça, mas também o ministro do Trabalho e Pensões, Iain Duncan Smith, a responsável britânica para a Irlanda do Norte, Theresa Villiers, o titular da pasta da Cultura, Meios de Comunicação e Desporto, John Wittingdale, e o líder da Câmara dos Comuns, Chris Grayling, defendem a saída. E Boris Johnson também vai votar "não" à manutenção na UE.

"Vou defender o ‘voto para a saída’ [do Reino Unido da UE] no referendo", disse este domingo o "mayor" de Londres, a capital financeira da Europa. "Não queria ir contra David Cameron", mas diz que quer "um acordo melhor para as pessoas deste país.

"Brexit" ganha em nova sondagem Uma sondagem tornada pública na última sexta-feira dá vantagem a um "Brexit" no referendo que será realizado dentro de quatro meses no Reino Unido. O resultado do inquérito, promovido pela empresa de sondagens TNS, refere que 36% dos inquiridos são favoráveis à saída do Reino Unido da União Europeia, enquanto 34% quer continuar no seio dos 28. O número de indecisos é, no entanto, muito elevado (23%), o que deixa tudo em aberto quanto a um possível resultado do referendo, que poderá ser convocado já para Junho. Apesar da ligeira vantagem do "não" à permanência na União Europeia, a maioria dos inquiridos disse acreditar que o resultado do referendo decidirá pela manutenção de Londres na União. Dois quintos (38%) acreditam que o acordo negociado por David Cameron com os parceiros europeus será suficiente para convencer os britânicos. A forma como Cameron tem conduzido as negociações para reenquadrar o Reino Unido na União Europeia foi considerada insatisfatória por 37% dos inquiridos, contra 14% dos que entendem que o primeiro-ministro fez um bom trabalho.
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