Notícia
"Não" no referendo só trará "ilusão de soberania ao Reino Unido
David Cameron conseguiu um "estatuto especial" para o país perante Bruxelas. Diz que com o "novo acordo" obtém "o melhor dos dois mundos", mas já tem vários opositores à sua visão. Entre eles o "mayor" de Londres que quer o país fora da UE.
O "novo acordo" garante o pretendido "travão de emergência" por um período de até sete anos não renováveis à atribuição de certos benefícios sociais aos novos imigrantes comunitários. Os imigrantes também só terão completo acesso às vantagens do Estado Social britânico após quatro anos completos de descontos no país.
Cameron não conseguiu que Londres garantisse o direito de veto sobre a adopção, no âmbito da Zona Euro, de novas regulamentações no sector financeiro, mas garantiu que o sector financeiro britânico será regulado pelas instituições locais e não pelo BCE.
"Seria irónico que saíssemos da União, negociássemos o nosso regresso ao mercado comum e deixássemos de ter a capacidade de implementar as restrições às ajudas sociais [aos cidadãos comunitários] que eu negociei", defendeu.
Oposição interna
David Cameron, que irá fazer campanha pelo "sim" à manutenção do Reino Unido no referendo, defende que "se ficarmos numa Europa reformada, sabemos o que vamos encontrar. Sabemos como fazer negócios lá, como criar emprego, como continuar a [promover] a nossa recuperação económica". Por outro lado, que deixar a UE "seria um passo para a escuridão, com um risco real". Mas há quem discorde.
Cinco membros do Governo liderado pelo primeiro-ministro britânico demarcaram-se da posição oficial do executivo. Michael Gove, o titular da pasta da Justiça, mas também o ministro do Trabalho e Pensões, Iain Duncan Smith, a responsável britânica para a Irlanda do Norte, Theresa Villiers, o titular da pasta da Cultura, Meios de Comunicação e Desporto, John Wittingdale, e o líder da Câmara dos Comuns, Chris Grayling, defendem a saída. E Boris Johnson também vai votar "não" à manutenção na UE.
"Vou defender o ‘voto para a saída’ [do Reino Unido da UE] no referendo", disse este domingo o "mayor" de Londres, a capital financeira da Europa. "Não queria ir contra David Cameron", mas diz que quer "um acordo melhor para as pessoas deste país.