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Cameron agenda referendo sobre o "Brexit" para 23 de Junho

No dia seguinte ao "novo acordo" alcançado entre a União Europeia e o Reino Unido, o primeiro-ministro britânico agendou o referendo sobre a permanência britânica na UE para o próximo dia 23 de Junho.

Reuters
20 de Fevereiro de 2016 às 13:27
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A data escolhida pelo primeiro-ministro britânico, David Cameron, para a realização do referendo popular sobre a permanência do Reino Unido como Estado-membro da União Europeia (UE) foi aquela que todos esperavam: 23 de Junho. Depois de se reunir com a sua equipa ministerial na manhã deste sábado, 20 de Fevereiro, David Cameron confirmou que o referendo sobre o "Brexit" (saída britânica da UE) será realizado no primeiro dia do Verão de 2016.

O anúncio surge poucas horas depois do final do Conselho Europeu que decorreu na quinta e sexta-feira e que permitiu a Londres e Bruxelas chegarem a acordo para acomodar as exigências britânicas de forma a que David Cameron pudesse fazer campanha pela permanência do Reino Unido na UE.

Apesar de as conversações terem sido longas e complexas, com vários momentos de tensão registados nas diversas reuniões realizadas, o "novo acordo" alcançado permite ao Reino Unido assumir um "estatuto especial" no seio do clube europeu.

Já esta manhã, em Londres, mais precisamente a partir de Downing Street, Cameron confirmou que os membros do seu Governo terão liberdade para fazer campanha quer pelo "sim", quer pelo "não", à continuidade do país na UE. Adiantando que a posição oficial do Governo será favorável à permanência, sublinhou que um eventual abandono da UE "ameaça a nossa economia e segurança nacional". No entanto, ressalvou que a escolha final será do povo britânico.

Já ao final da noite da última sexta-feira, na conferência de imprensa realizada em Bruxelas e utilizada para enumerar as conquistas conseguidas na negociação com os restantes 27 Estdados-membros da UE, o primeiro-ministro inglês tinha dito que agora seria tempo de o povo escolher. No final do Conselho de Ministros desta manhã, Cameron considerou tratar-se da "decisão mais importante que o país vai enfrentar nas nossas vidas" e que "diz respeito ao tipo de país que queremos ser".

Inicialmente prometido por Cameron para 2017, numa altura em que o já primeiro-ministro inglês surgia cada vez mais acossado pelo crescimento de forças eurocépticos como o Ukip de Nigel Farage, o referendo terá mesmo lugar já este ano, numa data prévia às férias de Verão. Ontem à noite Cameron não quis confirmar se a data a escolher seria o dia 23 de Junho, dizendo que primeiro teria de comunicar o resultado das negociações com os parceiros europeus ao Conselho de Ministros.

Cinco ministros a favor do "Brexit"

E agora começa a campanha. Há pelo menos cinco ministros do seu Executivo que vão apoiar e fazer campanha a favor do "Brexit". Um deles será Michael Gove, ministro da Justiça, amigo pessoal e importante aliado de David Cameron no Partido Conservador. Ontem quando ainda Cameron não tinha falado em Bruxelas, já Gove tornava pública a sua decisão de fazer campanha pelo principal movimento favorável à saída da UE.

"O Michael é um dos meus mais antigos e próximos amigos (...) É claro que ficou desapontado por não estarmos do mesmo lado (...) Estou desapontado, mas não surpreendido", reconheceu Cameron esta manhã.

Boris Johnson, "mayor" londrino e figura em ascensão no partido, sendo inclusivamente apontado como putativo sucessor de Cameron no Partido Conservador, revelou que anunciará a sua posição ainda durante o presente fim-de-semana. Prevê-se uma campanha difícil para Cameron, luta em que boa parte dos principais adversários pertence ao seu próprio partido.

Já a tentar capitalizar esta divisão no seio dos conservadores, o líder do Partido Trabalhista, Jeremy Corbyn, considerou de irrelevante o acordo alcançado no último Conselho Europeu, criticando Cameron pelo facto de as "suas prioridades nestas negociações terem passado pela tentativa de apaziguar os seus oponentes do Partido Conservador".

Como tal, Cameron começou a fazer campanha ainda na noite desta sexta-feira, em Bruxelas. "Não amo Bruxelas. Amo o Reino Unido. O trabalho do primeiro-ministro do Reino Unido é proteger os interesses britânicos", proclamou para de seguida assegurar que o Reino Unido está "melhor dentro da UE do que fora".

Como dizia ontem Laura Kuenssberg, editora de política da BBC, apesar de o compromisso estabelecido entre Londres e Bruxelas não cumprir completamente aquilo a que o governante inglês se propôs, a possibilidade de restringir o acesso dos imigrantes comunitários aos benefícios do Estado Social britânico configura "uma importante vitória".

As outras concessões alcançadas, quer em matéria de soberania como económica, permitem a David Cameron defender a presença de Londres na UE, argumentando para as consequências económicas negativas do "Brexit".


Se o Governo seguir uma recomendação feita pela Comissão Eleitoral britânica, a resposta que terá de ser dada pelos eleitores não será pelo "sim" ou pelo "não", mas pela "permanência" ou "abandono". Embora não seja definitivo, a pergunta que será apresentada no referendo deverá ser: "Deve o Reino Unido continuar como membro da União Europeia ou abandonar a União Europeia?"

(Notícia actualizada às 14:31)
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