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Banco de Inglaterra: "Brexit" pode afectar economia e provocar fuga de bancos
O governador do banco central, Mark Carney, alertou para os riscos do "Brexit" para a economia britânica, admitindo que alguns bancos poderiam sair do país. O banco central irá reforçar a linha de liquidez para a banca, antes do referendo.
O governador do Banco de Inglaterra defendeu perante os deputados britânicos o acordo de David Cameron com os restantes Estados-Membros para a permanência na União Europeia, que antecedeu a convocação do referendo. A saída do Reino Unido da União Europeia iria afectar a economia britânica e poderia levar alguns bancos a sair de Londres, considerou Mark Carney, dizendo que não irá tomar uma posição sobre o sentido de voto no referendo.
"É de esperar que algumas actividades se mudem", respondeu Mark Carney, quando questionado pelos deputados sobre as implicações para a banca. "Eu diria que algumas instituições estão a preparar planos de contingência para essa possibilidade" e podem sair de Londres no caso do "brexit" se concretizar.
O governador do banco central elogiou ainda o acordo realizado por David Cameron no Conselho Europeu. "O acordo reconhece explicitamente a necessidade do Reino Unido de supervisionar a sua estabilidade financeira, sem impedir o aprofundamento necessário da integração entre os membros da Zona Euro", declarou Mark Carney, esta terça-feira, no parlamento, citado pelo The Guardian.
Na audição, Carney foi duramente criticado pelo deputado Jacob Rees-Mogg por apoiar a posição de Cameron, que defende a permanência na UE. Em resposta, Carney insistiu que o banco central não irá tomar uma posição sobre o referendo."Não iremos fazer nenhuma recomendação relativamente a essa decisão [de permanecer ou sair da União Europeia] e nada do que dissermos deverá ser interpretado nesse sentido", afirmou o governador, citado pelo Financial Times.
Liquidez extra para a banca
Ainda assim, Carney afirmou que o Brexit pode trazer "desafios à estabilidade financeira" no curto prazo, sugerindo que poderia motivar a saída de alguns bancos de Londres. Mas, continuar na União Europeia também implica riscos, com destaque para a conclusão da União Bancária e o impacto que pode ter no Reino Unido.
Para tranquilizar os investidores, Carney revelou que o banco central está preparado para aumentar a liquidez disponível em Junho, caso a incerteza afecte o desempenho da banca nos mercados. Este esquema de financiamento está disponível uma vez por mês, mas nas semanas antes do referendo, marcado para dia 23 de Junho, "serão oferecidas três operações adicionais", anunciou.
O índice FTSE está esta terça-feira a cair 0,76%, acompanhando a tendência negativa das principais pares europeias. Após as declarações de Carney, a libra está a desvalorizar 0,38% para 1,4211 dólares, interrompendo uma série de seis sessões a valorizar. Perde também 0,36% para 1,2904 euros.