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Ainda não há acordo final entre a UE e a Turquia

Apesar de Bruxelas ter anunciado um acordo de cooperação com Ancara para lidar com o drama migratório, as autoridades turcas asseguram que o compromisso não é final. O presidente Erdogan acusa a UE de ter acordado tarde para este problema.

16 de Outubro de 2015 às 16:35
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Afinal o "plano de acção" conjunto, anunciado na noite desta quinta-feira, sobre a cooperação entre a União Europeia (UE) e a Turquia, relativamente ao fluxo migratório para a Europa, ainda não é definitivo. Esta sexta-feira, 16 de Outubro, a Turquia acusou a UE de ter acordado tarde para este problema, garantiu que o acordo ainda não é final e lamentou que Bruxelas considere indispensável o apoio turco mas rejeite a adesão do país à União.

 

O primeiro governante turco a pronunciar-se foi o ministro dos Estrangeiros, Feridun Sinirlioglu, assegurando, esta manhã, ter ficado uma impressão errada de que Bruxelas iria financiar a Turquia em cerca de 3 mil milhões de euros para apoiar o país a lidar com o drama dos refugiados.

 

Depois de ter terminado o Conselho Europeu, a UE proclamou também que iria agilizar a atribuição de vistos aos cidadãos turcos que quisessem viajar para o espaço comunitário e, em troca, Ancara teria de reforçar o controlo das suas fronteiras, designadamente através de uma maior cooperação com Atenas. Feridun Sinirlioglu, citado pela Reuters, garante que não há ainda um acordo final.

 

Já o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, numa conferência realizada esta sexta-feira em Istambul, criticou a UE por só ter acordado para este problema depois das imagens da criança de três anos (Aylan Kurdi) encontrada morta na Turquia e, já depois de realçar a importância geoestratégica de Ancara, defendeu a adesão turca à União.

 

A segurança e estabilidade do ocidente e da Europa são condicionadas pela nossa segurança e estabilidade
Recep Tayyip Erdogan

"A segurança e estabilidade do ocidente e da Europa são condicionadas pela nossa segurança e estabilidade", sublinha Erdogan que mostra regozijo pelo facto de Bruxelas ter "aceitado" que sem a Turquia não poderá resolver o problema colocado pelas crises migratória e dos refugiados. Até porque a Turquia se tornou no principal corredor de passagem do fluxo migratório proveniente do Médio Oriente e que tem a Europa como destino. Por outro lado, a Turquia (com cerca de 2 milhões), além do Líbano, é o país que mais refugiados sírios acolhe nos seus campos.

 

E já depois de vincar a importância da Turquia para a Europa, algo que a própria chanceler alemã, Angela Merkel, já destacara ontem ao defender que sem aquele país a UE não poderá resolver o drama dos refugiados, Erdogan recuperou a já longa disputa sobre a adesão turca ao projecto europeu.

Erdogan recorda intenção turca de pertencer à UE

 

"Se precisam de nós, por que não nos integram na UE? O problema é claro mas eles não demonstram abertura. Nem clarividência. Dizem que ‘cometemos um erro ao integrá-los na NATO, não cometeremos o mesmo erro em relação à UE'. É esse o problema", constatou Erdogan.

 

Havia sido Merkel, que visitará a Turquia no próximo domingo, quem quinta-feira aludiu à verba de 3 mil milhões de euros para apoiar a Turquia a gerir, não só o elevado número de requerentes de asilo no seu território, mas também o constante afluxo de novos migrantes que diariamente tentam chegar ao país. Isto depois de os mil milhões de euros de apoio acordados na cimeira europeia de 23 de Setembro terem sido recusados por Ancara.

E apesar de no "plano de acção" divulgado pela Comissão Europeia não ser referido nenhum valor em concreto, Erdogan lembra que "já gastámos 8 mil milhões de dólares até ao momento". A demora europeia em acordar para este problema é um ponto sensível para Ancara. "Há quanto tempo temos estado a gritar por ajuda? Na Turquia há, actualmente, 2,2 milhões de sírios. E 300 mil iraquianos", crítica.

 

Se precisam de nós, por que não nos integram 
na UE?
Recep Tayyip Erdogan

Segundo o Guardian, durante o encontro dos líderes europeus, Angela Merkel terá reconhecido que a Turquia ficou isolada no passado, defendendo que se Ancara já despendeu 7 mil milhões de euros para gerir a crise dos refugiados, então a UE deve assegurar um apoio equiparável.

 

Em paralelo à discussão em torno da melhor forma de a Europa enfrentar o problema apresentado pela chegada diária de migrantes ao Velho Continente, a Hungria confirmou que esta sexta-feira, à meia-noite, vai encerrar a fronteira com a Croácia, um dia após a conclusão da construção de uma vedação ao longo da fronteira com aquele país.

 

Depois de terem construído um muro junto à fronteira com a Sérvia, as autoridades húngaras depararam-se com a reorientação do afluxo migratório para a Hungria através da Croácia, o que motivou a construção de uma nova vedação. A principal rota migratória, vinda do Médio Oriente e que acede ao território europeu através da Turquia, dirigia-se para a Grécia, passando depois pela Macedónia a caminho da Sérvia. O bloqueio da fronteira sérvio-húngara levou à mobilização dos migrantes para a Croácia. Este movimento migratório tinha como meta aceder à rota Hungria-Áustria-Alemanha. A Alemanha é o país que mais pedidos de asilo recebe, seguida pela Hungria e pela Suécia.

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