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PSOE viabiliza governo de Rajoy e evita terceiras eleições

A maioria dos membros do Comité Federal dos socialistas aprovou a abstenção do partido na investidura de Mariano Rajoy, colocando fim a um impasse de 10 meses de um governo de gestão em Espanha.

Reuters
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Está perto de terminar o bloqueio à formação de um novo governo liderado por Mariano Rajoy. O PSOE votou a favor da abstenção do partido na investidura do primeiro-ministro espanhol em exercício, o que evita atirar Espanha para novas eleições no final do ano. Rajoy vê renovado o seu mandato, mas passará a governar sem maioria parlamentar.    

 

Fontes do Comité Federal do partido revelaram que o órgão mais importante entre congressos decidiu, por 139 votos a favor e 96 contra, pela abstenção do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) a uma nova tentativa de Mariano Rajoy formar Governo. 

 

Com esta decisão do PSOE, que já era expectável depois da saída do agora ex-secretário-geral, Pedro Sánchez, fica caminho aberto para Espanha ter um governo em plenitude de funções depois da realização de nova sessão de investidura.
 

O presidente da comissão gestora do PSOE - em funções até à realização de eleições primárias -, Javier Fernández, explicou que o partido deve votar "não" na primeira votação à investidura de Rajoy, mostrando a oposição do partido às políticas do líder do PP, e abster-se na segunda, a realizar-se 48 horas depois da primeira votação. 

Mas para que PP consiga formar um Governo minoritário, o PSOE tem, contudo, que garantir que a resolução adoptada pelo órgão mais importante do partido, e que pressupõe disciplina de voto, seja aceite pelos deputados do partido.

O Congresso dos Deputados (parlamento) deverá reunir-se a partir de quarta-feira, esperando-se que uma primeira votação na quinta-feira chumbe a investidura do líder do PP que, no entanto, passaria na segunda votação, prevista para sexta-feira ou sábado, com a abstenção dos deputados socialistas.

Apesar de o próprio Javier Fernández ter hoje dito esperar uma votação em bloco dos 85 deputados socialistas, há a possibilidade de alguns parlamentares se "rebelarem". Além da tendência liderada por Sánchez, ainda representativa no seio do partido, como mostrou a votação renhida deste domingo, e que é defensora do "não é não" a Rajoy, também os socialistas da Catalunha ameaçam romper com a direcção interina.

Ainda assim numa segunda votação - em que é suficiente uma maioria simples - basta que 11 deputados socialistas se abstenham para que Rajoy seja investido como primeiro-ministro,uma vez que o presidente do PP conta com o apoio de 170 dos 350 deputados (137 votos do PP, 32 do Cidadãos e a deputada da Coligação Canária). 
 

Susana Díaz, presidente da Andaluzia e apontada como grande favorita à sucessão de Sánchez à frente do PSOE, explicou que o argumento favorável à decisão de abstenção é o "respeito pelos resultados das eleições", que "deve ser sagrado".

 

A resolução aprovada acrescenta que "ninguém tem o direito de obrigar os cidadãos a votar pela terceira vez" e promete que o PSOE, assim que Rajoy assuma a chefia do seu novo Governo, irá realizar uma "oposição firme e construtiva e procurará alcançar os apoios necessários para contrariar as políticas anti-sociais do PP".

É que sem maioria, o PP vai necessitar do apoio socialista para aprovar documentos essenciais tais como o Orçamento do Estado. Em grande medida, o futuro político do próximo Governo estará nas mãos do PSOE, que a qualquer momento poderá retirar o tapete a Rajoy.

 

Os principais responsáveis do PSOE já tinham dado indicações de que seria este o desfecho da reunião do Comité federal. "Estamos no território do mal menor. Nenhuma opção é boa", afirmou Javier Fernández na sexta-feira, explicando que "abster-se não é apoiar. A abstenção só é possível em democracia quando não há nenhuma alternativa". Esta sexta-feira repetiu a mensagem, insistindo que abster-se não significa votar a favor do novo Governo. 

 

O "gelo foi quebrado" esta segunda-feira, quando pela primeira vez o PSOE da Andaluzia assumiu declaradamente a defesa da abstenção. A secção dirigida pela presidente do governo autonómico da Andaluzia, Susana Díaz, anunciou que o partido deve abster-se e assim retirar Espanha do bloqueio institucional vigente há praticamente 11 meses.

 
O Podemos já reagiu à decisão do PSOE, afirmando que esta mostra "o fim da alternância no sistema partidário". "Ontem revezavam-se, hoje precisam um do outro. Seremos a alternativa", secundou o secretário político do Podemos, Íñigo Errejón, também no Twitter, prognosticando que o novo governo será "fraco e de curta duração".

Esta segunda e terça-feira o rei Felipe VI ouvirá os partidos com assento parlamentar, havendo a expectativa de que o monarca espanhol convide uma vez mais Rajoy a apresentar-se ao debate de investidura. As duas votações previstas para quinta-feira e sábado ocorrerão antes do dia 31, data-limite para a formação de um governo, caso contrário o rei é obrigado a dissolver as cortes e a agendar novas eleições.

 


(notícia actualizada pela segunda vez às 16:04 com mais informação)

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