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PSOE decide este domingo futuro de Rajoy e de Espanha
O Comité Federal socialista reúne-se no domingo para decidir a posição do partido numa nova sessão de investidura de Rajoy. Para o líder interino do PSOE, os deputados socialistas têm de decidir entre "abstenção ou eleições".
Já há data para a próxima reunião do Comité Federal do PSOE. Como se antecipava, será no próximo domingo que o principal órgão socialista entre congressos vai decidir qual a posição do partido no caso de Mariano Rajoy, primeiro-ministro espanhol em exercício, se apresentar novamente num debate de investidura. O que é cada vez mais certo.
Será a nona reunião do Comité Federal desde as eleições gerais de 20 de Dezembro. No seguimento deste acto eleitoral, que resultou no Parlamento mais fragmentado da história democrática espanhola, este órgão adoptou como posição o veto a Rajoy, posição ratificada depois do acto eleitoral de 26 de Junho.
No domingo os quase 300 membros do Comité Federal serão, primeiro, chamados a eleger a Mesa deste órgão, seguindo-se o "debate e votação da posição política do grupo parlamentar socialista no Congresso (equivalente à Assembleia da República) ante o processo de investidura". A expectativa geral é de que haverá uma mudança de posição, ficando o veto a Rajoy para trás das costas e sendo formalmente escolhida uma posição de abstenção relativamente à investidura do presidente do PP como primeiro-ministro. Resta saber em que moldes será concretizada esta abstenção.
Apesar de ter avisado que a posição vigente do PSOE passa pelo não a Rajoy, pelo menos que o Comité Federal decida em contrário, o presidente da comissão gestora socialista, Javier Fernández, tem dado múltiplas indicações de que o partido poderá mesmo rever o sua posição inflexível em relação ao líder conservador.
Num encontro mantido esta terça-feira, 18 de Outubro, com os deputados e senadores do PSOE no Congresso espanhol, o líder interino socialista sustentou que resta pouca margem de manobra aos 85 deputados do partido, que podem somente decidir entre "abstenção ou eleições".
"Estamos no território do mal menor. Nenhuma opção é boa", afirmou Javier Fernández que, citado pelo La Vanguardia, passa de seguida a explicar que "abster-se não é apoiar. A abstenção só é possível em democracia quando não há nenhuma alternativa".
Esta parece ser também cada vez mais a posição maioritária no partido. Segundo o El País, das 17 intervenções hoje realizadas no encontro dos representantes parlamentares do PSOE (câmara baixa e senado), apenas três elementos declararam a defesa do "não é não", posição defendida pelo ex-secretário-geral Pedro Sánchez.
Críticos de Rajoy já admitem abstenção
O "gelo foi quebrado" esta segunda-feira, quando pela primeira vez o PSOE da Andaluzia assumiu declaradamente a defesa da abstenção. A secção dirigida pela presidente do governo autonómico da Andaluzia, Susana Díaz, apontada como grande favorita à sucessão de Sánchez, anunciou que o partido deve abster-se e assim retirar Espanha do bloqueio institucional vigente há praticamente 11 meses.
Esta posição colidiu com o PSOE da Catalunha (PSC). Depois das primárias do PSC realizadas no fim-de-semana passado, o reeleito líder desta secção regional do PSOE, Miguel Iceta, anunciou desde logo que os sete deputados socialistas eleitos pelo círculo da Catalunha nunca iriam viabilizar a investidura de Rajoy, recusando assim respeitar a disciplina de voto se o Comité Federal resolvesse mudar de posição.
Contudo, esta terça-feira Iceta recuou, mesmo que ligeiramente, face à posição inicialmente assumida. Miguel Iceta aceita agora que "se não houver alternativa" o PSOE viabiliza a formação de um governo liderado por Rajoy, embora através do método mínimo. ´
Ou seja, os deputados do PSC manteriam o voto desfavorável a Rajoy, que veria a sua investidura viabilizada com a abstenção de apenas 11 deputados socialistas, o número que o presidente do PP precisa para assegurar uma maioria relativa dos 350 deputados. É que Rajoy conta com um apoio total de 170 deputados (137 votos do PP, 32 do Cidadãos e a deputada da Coligação Canária).
Esta mesma posição foi também defendida pelo deputado Eduardo Madina, que se candidatou contra Sánchez nas últimas eleições para a liderança do partido. Madina lembrou que esta viabilização mínima de apenas 11 deputados compagina as duas intenções do PSOE: o não a Rajoy e evitar novas eleições, as terceiras no espaço de um ano.
Nos dois dias seguintes ao Comité Federal (24 e 25) o rei Felipe VI ouvirá os partidos com assento parlamentar, havendo a expectativa de que o monarca espanhol convide uma vez mais Rajoy a apresentar-se ao debate de investidura. Mesmo apertados, os prazos permitem que haja duas votações de investidura (na primeira é necessária uma maioria absoluta, por isso é provável que haja uma segunda dois dias depois de fracassada a primeira tentativa) antes do dia 31, data-limite para a formação de um governo, caso contrário o rei é obrigado a dissolver as cortes e a agendar novas eleições.