Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Notícia

Partido independentista propõe partilha de poder na Catalunha

A CUP avançou com uma alternativa de governação independentista na Catalunha, propondo à aliança Juntos pelo Sim que o próximo Governo autonómico tenha uma "presidência partilhada" protagonizada por "três ou quatro perfis de peso equivalente".

Andrea Comas/Reuters
01 de Outubro de 2015 às 12:40
  • ...

A solução para a formação de um Governo autonómico (Generalitat) na Catalunha suportado por uma maioria parlamentar independentista poderá passar por uma "liderança partilhada". Foi esta a proposta apresentada esta quinta-feira, 1 de Outubro, pela Candidatura de Unidade Popular (CUP) à coligação soberanista Juntos pelo Sim.

 

Anna Gabriel, número dois da CUP nas últimas eleições regionais logo atrás de Antonio Baños, defendeu que a próxima Generalitat deve ser liderada por uma "presidência partilhada" e protagonizada por "três ou quatro perfis de peso equivalente". E se durante a campanha a CUP assegurou que não apoiaria a investidura de Artur Mas, actual presidente da Generalitat e líder da Convergência Democrática da Catalunha (CDC), um dos principais partidos que integram a coligação Juntos pelo Sim, que venceu as eleições autonómicas, logo na segunda-feira reiterou essa decisão.

 

Não pedimos a morte política de [Artur] Mas. Porém, falemos do papel que ele poderá desempenhar
Anna Gabriel

No entanto, Anna Gabriel, citada pelo El País, disse hoje que a CUP não pretende "enterrar" politicamente Artur Mas. E mesmo depois de Antonio Baños, cabeça-de-lista do partido soberanista e anti-sistema, ter defendido, na terça-feira, que "começamos uma nova etapa e não podemos fazê-lo com a imagem dos cortes na Catalunha como presidente", numa directa a Mas, a CUP abre agora a possibilidade de Artur Mas continuar na liderança da Generalitat, embora de forma "partilhada" e num Governo de carácter "excepcional".

 

"Não pedimos a morte política de Mas. Porém, falemos do papel que ele poderá desempenhar", acrescentou ainda esta manhã Anna Gabriel em declarações à Catalunya Ràdio. Apesar da vitória da aliança Juntos pelo Sim no passado domingo, esta coligação elegeu apenas 62 mandatos, ficando a seis do mínimo necessário a alcançar a maioria absoluta. Pelo que a força que integra Artur Mas e Oriel Junqueras, líder da Esquerda Republicana da Catalunha (ERC), necessita dos 10 deputados eleitos pela CUP para assegurar a formação de um Governo suportado por uma maioria parlamentar que legitime o retomar do processo independentista da Catalunha.

 

E perante a intransigência da coligação Juntos pelo Sim e da CDC em prescindir de Artur Mas como futuro presidente da Generalitat, Anna Gabriel pediu que não seja passada a ideia de que "o processo [soberanista] está em perigo por uma pessoa", sublinhando a vontade da CUP em "chegar a um acordo". E mesmo afiançando que a CUP não pretende garantir "nada" para este partido de extrema-esquerda, Anna Gabriel nota que deve poder pensar-se "em mulheres" para a liderança da Generalitat.

 

Mas os entraves a um acordo entre as duas forças independentistas catalãs não se prendem apenas com o nome de Artur Mas, que foi constituído arguido na terça-feira na sequência de um processo judicial espoletado pela "consulta cidadã" sobre a independência da Catalunha realizada a 9 de Novembro do ano passado.

 

Enquanto a aliança vencedora Juntos pelo Sim mantém que uma maioria parlamentar soberanista de 68 deputados é mais do que suficiente para legitimar a aprovação, no Parlamento catalão, de uma Declaração Unilateral de Independência face a Madrid, a CUP também insiste que esse processo só seria irreversível se os partidos independentistas tivessem alcançado não apenas a maioria dos mandatos, mas também a maioria dos votos (pelo menos 55% dos votos foi o valor indicado).

 

Ainda assim, de acordo com o El Mundo, nas conversações entre a aliança Juntos pelo Sim e a CUP que decorreram nos últimos dias, este partido esquerdista terá defendido o "acelerar" de alguns passos tendentes à secessão face a Madrid de forma a alcançar um "ponto de não retorno". Outra garantia deixada pela número dois deste partido radical foi que a CUP não se apresentará às eleições gerais espanholas, que ao que tudo indica só serão realizadas em Dezembro próximo, porque considera "inútil" a presença desta força no parlamento madrileno. 

Ver comentários
Saber mais Catalunha Generalitat Espanha Eleições Autonómicas Anna Gabriel CUP Antonio Baños Artur Mas  Convergência Democrática da Catalunha Juntos pelo Sim ERC Oriel Junqueras
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio