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Incêndios: Marcelo exige que o Governo "retire todas, mas todas, as consequências"

O Presidente da República considera que as tragédias relacionadas com incêndios exigem a abertura de um "novo ciclo" que necessariamente passará pela avaliação de "quem melhor serve esse ciclo". Marcelo exige que o Governo "retire todas, mas todas, as consequências".

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17 de Outubro de 2017 às 20:53
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Marcelo Rebelo de Sousa não deixou margem para dúvidas na mensagem ao país que proferiu esta noite a partir dos Paços do Concelho de Oliveira do Hospital. O Presidente da República considera que as tragédias que envolveram os incêndios de Junho e Outubro exigem que sejam retiradas as devidas consequências. O chefe de Estado identifica entre essas consequências a abertura de um "novo ciclo" no Executivo, o que deixa claro que o Presidente pensa serem necessárias alterações no elenco governativo. 

Aparentemente Marcelo Rebelo de Sousa faz referência à contestada ministra da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa, quando exige uma "ruptura com o que não provou ou não convenceu" e defende que o novo ciclo exigirá que António Costa avalie "o porquê, quem, como e quando melhor serve esse ciclo". 

O Presidente "espera que o Governo retire todas, mas todas, as consequências", tendo por base de análise os relatórios sobre os acontecimentos de Pedrógão, em especial o elaborado pela Comissão Independente, nomeada pela Assembleia da República, e que apontou graves falhas na prevenção e combate aos incêndios, desde logo por parte da Protecção Civil, na tutela do Ministério da Administração Interna.  

Aumenta assim a expectativa em relação ao Conselho de Ministros extraordinário que, no próximo sábado, irá avaliar as consequências dos relatórios sobre Pedrógão. O presidente do PS, Carlos César, admitiu hoje que depois de sábado o primeiro-ministro terá de decidir sobre a permanência de Constança Urbano de Sousa. Posição idêntica à manifestada na segunda-feira por Catarina Martins, coordenadora do Bloco de Esquerda.

Deixou ainda outro alerta. Marcelo está disposto a usar os poderes que lhe são conferidos pela Constituição de forma a garantir que as fragilidades na acção pública não voltem a colocar em causa a segurança dos portugueses. O Presidente "estará atento e exercerá todos os seus poderes para dizer que onde há fragilidade ela deixará de existir", assegurou.

Em relação à moção de censura que o CDS vai apresentar no Parlamento contra o Governo, e que o PSD já anunciou que apoiará, Marcelo Rebelo de Sousa faz uma leitura simples. Se a moção for validada e o Executivo socialista cair, evita-se o "equívoco" de prosseguir com um Governo sem suporte parlamentar maioritário.

Mas se for chumbada, o Governo de Costa sai "reforçado" para seguir com o mandato. Seja como for e aconteça o que acontecer na AR, Marcelo frisa que é fundamental assegurar condições para concretizar as reformas na floresta que considera como "mudanças indispensáveis e inadiáveis. 

"Se na AR há quem questione a capacidade do Governo para realizar estas mudanças indispensáveis e inadiáveis (...) a mesma Assembleia que clarifique se quer ou não manter em funções o Governo," acrescentou.

PR lembra que é preciso "pedir desculpa"

 

O Presidente fez questão de pedir perdão às "vítimas de Junho e Outubro", afirmando que "de facto, é preciso pedir desculpa" porque "portugueses houve que não viram os poderes públicos como garante de segurança".

 

Uma vez mais, Marcelo não o disse directamente mas pareceu criticar o facto de, até ao momento, nenhum elemento do Executivo liderado por António Costa ter feito um pedido público de desculpa devido aos mais recentes incidentes. Para Marcelo é crucial haver uma demonstração de "humildade cívica" perante esta mais recente tragédia.

 

Ainda esta terça-feira, directamente questionado pelos jornalistas sobre a inexistência desse pedido por parte do Governo, António Costa evitou o tema e disse que nesta altura o essencial é "concentrarmo-nos no que é essencial, que é responder às necessidades imediatas das pessoas".

  

Presidente também pede consensos para reforma da floresta

Depois da visita a um dos concelhos mais afectados pelos incêndios dos últimos dias, que provocaram pelo menos 41 mortos, Marcelo mostrou-se consternado garantindo que na sua memória guardará para sempre "imagens como a de Pedrógão". Mote para o Presidente dizer que as "mais de 100 pessoas mortas em quatro meses em Portugal" (as 41 deste fim-de-semana e as 64 de Pedrógão) deixaram os portugueses "fragilizados".

Uma fragilidade que "existiu e existe e atinge os poderes públicos", e que no entender do chefe de Estado "exige uma resposta rápida e conveniente". Foi então que Marcelo deixou uma pergunta: "O que pode e deve dizer o Presidente? Pode e deve dizer que esta é a última oportunidade para levarmos a sério a floresta e e a convertermos em prioridade nacional".

Neste ponto Marcelo coincidiu com António Costa, que esta semana já insistiu na necessidade de um "consenso alargado" para a reforma da floresta. Marcelo considera que esta prioridade exige uma "convergência alargada, porque os governos passam e é crucial que a prioridade permaneça". 


(Notícia actualizada às 22:10 pela última vez)

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