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EDP Distribuição rejeita responsabilidades no incêndio de Pedrógão Grande
O relatório técnico apontou o dedo às linhas de média tensão de electricidade, mas a EDP Distribuição rejeita as suas conclusões e diz que se prepara para dar "uma resposta detalhada".
A EDP Distribuição rejeita responsabilidades no incêndio de Pedrógão Grande, conforme aponta o relatório técnico independente pedido pelo Governo.
O presidente da empresa João Torres (na foto) "refuta as conclusões apresentadas no relatório "O complexo de incêndios de Pedrógão Grande e concelhos limítrofes, iniciado a 17 de Junho de 2017" onde são atribuídas responsabilidades à EDP Distribuição na origem do incêndio de Pedrogão", segundo uma nota divulgada pela companhia esta terça-feira, 17 de Outubro.
A empresa do grupo EDP sublinha que "prestou toda a informação requerida para elaboração deste relatório, bem como para a comissão técnica independente" e que vai agora analisar o relatório para dar "uma resposta detalhada".
Uma das críticas do relátorio era que "as faixas de protecção da rede eléctrica de média tensão gerida pela EDP não se encontra[va]m devidamente cuidadas".
E acrescenta: "Esta mesma infraestrutura tinha sido recentemente objeto de inspecção que suporta esta garantia".
A EDP Distribuição tem 84 mil quilómetros de linhas aéreas de média e alta tensão dos quais 26 mil quilómetros atravessam zonas florestais.
"São constituídas e mantidas anualmente 7.500 quilómetros de faixas de gestão de combustível e de proteção. É efectuada uma supervisão com recurso a meios aéreos e tecnologia laser em 14.000 quilómetros por ano. Para além destas são feitas inspecções visuais, sendo que mais recentemente se têm usado drones", afirma a empresa, avançando que investe cinco milhões de euros por ano para efectuar estas actividades de supervisão.
O relatório técnico independente pedido pelo Governo aponta que o incêndio de 17 de Junho em Pedrógão Grande teve origem no contacto entre a vegetação e as linhas de média tensão de electricidade geridas pela EDP.
"De acordo com os dados de que dispomos, temos a convicção fundamentada de que os dois focos de incêndio de Escalos Fundeiros e de Regadas terão sido causados no dia 17 de Junho, a horas diferentes, por contactos entre a vegetação e a linha eléctrica de média tensão que abastece", segundo o documento divulgado na segunda-feira.
A equipa liderada por Domingos Xavier Viegas refere que "as faixas de protecção da rede eléctrica de média tensão gerida pela EDP não se encontra[va]m devidamente cuidadas". Por isso mesmo, não é descartada a hipótese de que outros incêndios no país tenham a mesma origem.
"Não podemos deixar de recomendar à EDP que fiscalize melhor e melhore a exigência dos seus critérios na gestão da vegetação existente nas faixas de protecção das linhas, em percursos que envolvem arvoredo, mesmo que sejam de crescimento lento", pode-se ler no relatório.