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Ministra: "Pedi insistentemente" a Costa para sair logo a seguir a Pedrógão
Na carta de demissão, Constança Urbano de Sousa afirma que pediu “insistentemente” a Costa para abandonar o Governo e que o primeiro-ministro travou a demissão. A ministra, que diz não ter saído antes por lealdade, considera agora que estava em causa a sua "dignidade pessoal". Leia a carta de demissão na íntegra.
Constança Urbano de Sousa, que publicamente sempre defendeu que a sua demissão não resolveria o problema, revela numa carta ao primeiro-ministro, divulgada esta quarta-feira pelo Governo, que desde a tragédia de Pedrógão Grande pediu "insistentemente" a António Costa para abandonar o Governo.
A demissão da ministra da Administração Interna foi anunciada esta quarta-feira, 18 de Outubro. O pedido foi apresentado, segundo António Costa, de uma forma que o primeiro-ministro "não poderia recusar".
"Logo a seguir à tragédia de Pedrógão pedi, insistentemente, que me libertasse das minhas funções e dei-lhe tempo para encontrar quem me substituísse, razão pela qual não pedi, formal e publicamente, a minha demissão. Fi-lo por uma questão de lealdade", lê-se na carta dirigida ao primeiro-ministro, com data de terça-feira, 17 de Outubro.
"Pediu-me para me manter em funções, sempre com o argumento que não podemos ir pelo caminho mais fácil, mas sim enfrentar as adversidades, bem como para preparar a reforma do modelo de prevenção e combate a incêndios florestais", conforme viesse a ser proposto pela comissão independente. "Manifestou-me sempre a sua confiança, o que naturalmente reconheço e revela a grandeza de carácter que sempre reconheci".
Constança Urbano de Sousa afirma que só aceitou manter-se em funções desde Junho "com o propósito de servir o País e o Governo".
Na carta, explica que depois da tragédia deste fim-de-semana voltou a pedir a demissão, já que "apesar de esta estratégia ser fruto de múltiplos factores", considerou que não tinha condições políticas e pessoais para continuar.
"Tendo terminado o período crítico desta tragédia e estando já preparadas as propostas" a discutir no Conselho de Ministros no sábado, "considero que estão esgotadas todas as condições para me manter em funções, pelo que lhe apresento agora, formalmente, o meu pedido de demissão, que tem de aceitar, até para preservar a minha dignidade pessoal".
António COsta