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PSD vai apoiar moção de censura do CDS contra o Governo
Matos Correia explicou que o grupo parlamentar do PSD vai reunir-se na quarta-feira para decidir a orientação de voto em relação à moção de censura que o CDS vai apresentar contra o Governo, mas já foi anunciando que os social-democratas não deixarão de apoiar a iniciativa centrista.
O PSD só decide oficialmente na quarta-feira o sentido de voto na moção de censura que o CDS vai apresentar, mas já vai dizendo que vai apoiar a iniciativa anunciada esta terça-feira pela presidente centrista, Assunção Cristas.
No Parlamento, o vice-presidente social-democrata, José Matos Correia, disse que "não é surpresa para ninguém que o PSD não esteja disposto a mostrar qualquer tipo de boa-vontade" em relação ao Governo. Executivo que o deputado do PSD considera ter mostrado um "falhanço absoluto nas suas funções" e ter "ajudado a que estas tragédias acontecessem"
"Julgo que das palavras que acabei de proferir está antecipada a opção que o grupo parlamentar irá tomar", disse Matos Correia.
O deputado explicou ainda o porquê de o PSD não apresentar também uma moção de censura. Porque o partido entende que "em política há várias formas de reagir" e "não é tradição do PSD apresentar moções de censura". Assim frisa que "o PSD não avançará com uma moção de censura" e "se entendesse que deveria ter apresentado tê-lo-ia feito".
No entanto, Matos Correia quis deixar claro que independentemente do método de acção adoptado por cada partido, "a indignação do PSD face ao comportamento do Governo não é menor".
O deputado nota ainda que as conclusões da comissão de peritos, cuja nomeação pela Assembleia da República foi proposta pelos social-democratas, vertidas no relatório sobre a tragédia de Pedrógão Grande mostram que houve também "responsabilidades do Governo".
"Este Governo não esteve à altura, falhou, e os portugueses mereciam que o Governo tivesse respondido de outra maneira", atirou.
Esta tarde, Assunção Cristas anunciou que o CDS decidiu apresentar no Parlamento uma moção de censura "pela falha grave em cumprir a mais básica função do Estado: proteger as pessoas", considerando que "o Estado falhou na prevenção e no combate" aos incêndios, bem como no socorro às pessoas.
Sobre a iniciativa centrista, o primeiro-ministro, António Costa, que falava aos jornalistas durante uma visita a Oliveira do Hospital, um dos concelhos mais afectados pelos incêndios dos últimos dias, afirmou respeitá-la porque se trata de "um direito constitucional". Já o presidente do PS e também da bancada socialista, Carlos César, defendeu que a actuação do CDS serve apenas para ganhar supremacia relativamente ao PSD na luta pela posição de principal partido da oposição.
"O CDS pode ser muito hábil neste jogo política em chamar a atenção da comunicação social. Pode ganhar o campeonato da oposição ao PSD mas o que não ganha é a confiança dos portugueses", referiu Carlos César que preferiu não comentar a possibilidade de afastamento da contestada ministra da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa, por considerar que essa é uma questão da exclusiva responsabilidade do primeiro-ministro.
Cristas mostrou-se consciente da improbabilidade de a censura ao Governo ser aprovada na Assembleia da República, uma vez que é necessária a maioria absoluta dos votos (116) e nesta altura o Executivo socialista beneficia do apoio maioritário conferido pela plataforma parlamentar composta pela pela chamada geringonça (PS. BE, PCP e Verdes).
(Notícia actualizada às 18:29)