Notícia
Tarifas de Trump não ameaçam Portugal. Para já
As tarifas no aço e alumínio anunciadas por Trump para a União Europeia não deverão ameaçar as exportações portuguesas, tendo em conta as estatísticas do ano passado. Mas a incerteza em relação ao futuro aumentou.
As exportações de Portugal para os EUA corresponderam, em 2017, a 5,2% do total das exportações portuguesas. Desse valor de exportações para território norte-americano, apenas 7,4% são de metais, tais como o aço ou alumínio. Os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) do comércio internacional mostram que o impacto das tarifas de Donald Trump em Portugal será reduzido.
Ao todo, no ano passado, Portugal exportou 55 mil milhões de euros, dos quais 2.845 milhões de euros tiveram como destino os Estados Unidos. Desse montante, 193,8 milhões de euros correspondem a metais, categoria onde estão incluídos o aço e o alumínio. E desse valor apenas uma pequena parte poderá ser afectado pelas tarifas.
Estes números constam da análise do Gabinete de Estratégia e Estudos (GEE) do Ministério da Economia ao "Comércio internacional de mercadorias entre Portugal e os EUA - 2012 a 2017", com os dados disponíveis até 28 de Maio. "Atendendo ao anúncio recentemente feito pelo presidente dos EUA de possível aplicação futura de tarifas aduaneiras às importações de aço e de alumínio, de momento aparentemente apenas aplicáveis às importações destes produtos provenientes da China, interessará avaliar, desde já, o possível impacto dessas restrições nas exportações portuguesas de 'Minérios e metais' para este mercado", escrevia o GEE antes de ser conhecida a decisão defintiva de Donald Trump.
Uma análise mais aprofundada reforça a ideia de que, para já, estas tarifas não vão ter um impacto significativo em Portugal. Nos números compilados pelo GEE da base de dados do INE é possível perceber que grande parte do valor exportado deste grupo de produtos refere-se a produtos transformadas de aço ou alumínio.
Até ao momento, o que se sabe é que as tarifas dos EUA incidem apenas sobre as matérias-primas em si, ou seja, o aço e o alumínio não transformado, excluindo-se os vários produtos transformados feitos a partir destas.
No entanto, é preciso destacar um sinal. De 2016 para 2017, as exportações para os EUA deste grupo de produtos aumentou consideravelmente, como é possível ver nas tabelas do GEE. Aliás, em um ano, esta categoria esteve perto de duplicar o seu valor exportado. Estes aumentos demonstram que, neste grupo de produtos, o mercado norte-americano estava a ganhar algum impulso.
Apesar de ter um reduzido peso relativo, não se pode excluir que estas medidas possam vir a ter um impacto importante, nomeadamente se a guerra comercial fizer proliferar retaliações entre os países. Caso a medida de Donald Trump seja mais abrangente no futuro, incluindo os metais transformados, o impacto será mais significativo.
Uma tese corroborada pela indústria metalúrgica em Portugal que, em Março, tinha antecipado que o impacto seria residual. "Se forem tarifas na importação de matérias-primas, para Portugal é irrelevante", diz Rafael Campos Pereira, vice-presidente executivo da AIMMAP - a Associação dos Industriais Metalúrgicos, Metalomecânicos e Afins de Portugal, ao Negócios.
Porém, o também porta-voz do sector, admitia um cenário em que as tarifas são alargadas a produtos que podem ter impacto significativo em Portugal. "O que é que acontece sempre que as matérias-primas são taxadas ou quando surgem outras barreiras? A seguir são os fabricantes que vão pressionar no sentido de essas mesmas restrições serem alargadas também aos produtos manufacturados", assinalou.
Em 2017, as exportações de metalurgia e metalomecânica ultrapassaram pela primeira vez os 16 mil milhões de euros.
BMI Research: Tarifas dos EUA no aço e alumínio têm impacto residual na UE
Em Maio, a unidade de research da Fitch já antecipava que, se os EUA aplicassem tarifas sobre o aço e alumínio à União Europeia o impacto seria reduzido. Numa análise aos possíveis efeitos das tarifas agora aplicadas, a BMI Research escrevia que o impacto seria "relativamente baixo" para a economia europeia. Os analistas consideravam que as previsões dos impactos tinham sido "exageradas".
Ao todo, no ano passado, Portugal exportou 55 mil milhões de euros, dos quais 2.845 milhões de euros tiveram como destino os Estados Unidos. Desse montante, 193,8 milhões de euros correspondem a metais, categoria onde estão incluídos o aço e o alumínio. E desse valor apenas uma pequena parte poderá ser afectado pelas tarifas.
Uma análise mais aprofundada reforça a ideia de que, para já, estas tarifas não vão ter um impacto significativo em Portugal. Nos números compilados pelo GEE da base de dados do INE é possível perceber que grande parte do valor exportado deste grupo de produtos refere-se a produtos transformadas de aço ou alumínio.
Até ao momento, o que se sabe é que as tarifas dos EUA incidem apenas sobre as matérias-primas em si, ou seja, o aço e o alumínio não transformado, excluindo-se os vários produtos transformados feitos a partir destas.
No entanto, é preciso destacar um sinal. De 2016 para 2017, as exportações para os EUA deste grupo de produtos aumentou consideravelmente, como é possível ver nas tabelas do GEE. Aliás, em um ano, esta categoria esteve perto de duplicar o seu valor exportado. Estes aumentos demonstram que, neste grupo de produtos, o mercado norte-americano estava a ganhar algum impulso.
Apesar de ter um reduzido peso relativo, não se pode excluir que estas medidas possam vir a ter um impacto importante, nomeadamente se a guerra comercial fizer proliferar retaliações entre os países. Caso a medida de Donald Trump seja mais abrangente no futuro, incluindo os metais transformados, o impacto será mais significativo.
Uma tese corroborada pela indústria metalúrgica em Portugal que, em Março, tinha antecipado que o impacto seria residual. "Se forem tarifas na importação de matérias-primas, para Portugal é irrelevante", diz Rafael Campos Pereira, vice-presidente executivo da AIMMAP - a Associação dos Industriais Metalúrgicos, Metalomecânicos e Afins de Portugal, ao Negócios.
Porém, o também porta-voz do sector, admitia um cenário em que as tarifas são alargadas a produtos que podem ter impacto significativo em Portugal. "O que é que acontece sempre que as matérias-primas são taxadas ou quando surgem outras barreiras? A seguir são os fabricantes que vão pressionar no sentido de essas mesmas restrições serem alargadas também aos produtos manufacturados", assinalou.
Em 2017, as exportações de metalurgia e metalomecânica ultrapassaram pela primeira vez os 16 mil milhões de euros.
BMI Research: Tarifas dos EUA no aço e alumínio têm impacto residual na UE
Em Maio, a unidade de research da Fitch já antecipava que, se os EUA aplicassem tarifas sobre o aço e alumínio à União Europeia o impacto seria reduzido. Numa análise aos possíveis efeitos das tarifas agora aplicadas, a BMI Research escrevia que o impacto seria "relativamente baixo" para a economia europeia. Os analistas consideravam que as previsões dos impactos tinham sido "exageradas".
"Se as medidas avançarem como planeado, o impacto económico na União Europeia seria reduzido dada a relativamente baixa importância que o sector [do aço e alumínio] tem na economia no total da União Europeia e a baixa percentagem dessas exportações destinadas para os EUA", referiam os analistas da BMI Research.
Pelas contas da unidade de research da Fitch, do total das exportações de aço da União Europeia, apenas 4% tem como destino os EUA. "Isto significa que apenas 0,001% do total das exportações da UE são exportações de aço ou alumínio para os EUA", explicam os analistas da BMI Research. Apenas o Reino Unido, que está de saída da UE, tem uma maior (mas ainda pequena) dependência do aço que exporta para os EUA.
Pelas contas da unidade de research da Fitch, do total das exportações de aço da União Europeia, apenas 4% tem como destino os EUA. "Isto significa que apenas 0,001% do total das exportações da UE são exportações de aço ou alumínio para os EUA", explicam os analistas da BMI Research. Apenas o Reino Unido, que está de saída da UE, tem uma maior (mas ainda pequena) dependência do aço que exporta para os EUA.