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11 de Maio de 2007 às 13:59

Sarkozy novo fôlego para a direita

A vitória de Nicholas Sarkozy nas presidenciais francesas veio trazer um novo fôlego à direita europeia em geral. Sarkozy muda o centro de gravidade político depois de ter chamado a si os candidatos centristas que se podiam dividir com a sua rival Ségolèn

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Sarkozy muda o centro de gravidade político depois de ter chamado a si os candidatos centristas que se podiam dividir com a sua rival Ségolène Royal, uma conquista alcançada com a ruptura anunciada da direita "sarkozyana" com a moderação de Jacques Chirac, mais tradicional da política francesa.

A segunda volta das presidenciais terminou favorável à direita radicalização (não a direita radical) que prometeu a ruptura, a inovação, a novidade e capitalizou na determinação de Nicholas Sarkozy. Dentro de cinco semanas os socialistas e a esquerda em geral vão transformar as legislativas numa espécie de terceira volta eleitoral.

Ségolène Royal, ela própria o anunciou no seu discurso de reconhecimento da derrota poucos minutos após serem conhecidos os resultados eleitorais. Não se retira da vida política e pediu aos seus apoiantes que se mantenham mobilizados e prontos para os novos combates. Ségolène apontava já as suas armas para as legislativas de Junho.

O problema da candidata socialista é que ela ainda não é a líder do partido, de um Partido Socialista que deixou a sua candidata entregue a si mesmo durante demasiado tempo e por isso tem de se penitenciar. Teria feito diferença? Nunca se saberá pois o voto em Sarkozy foi de fractura com o tradicionalismo e crença numa liderança forte, em Ségolène o voto foi de princípios mas também anti Sarkozy.

Apenas dois milhões de franceses separaram os dois candidatos na segunda volta. A votação não foi ideológica como tradicionalmente. As legislativas não irão reunir esquerda e direita em dois blocos homogéneos.

Se Sarkozy simbolizou a fractura Ségolène foi a inovação. A candidata derrotada ainda pode ser um capital extremamente importante para o PSF dada a sólida popularidade que conquistou e o "aplomb" com que aceitou a derrota transformando-a no início de um novo combate. Entre os socialistas muitos querem-na de volta à lide política assumindo-se como chefe da oposição, legitimada pelo voto. Mas o ninho de vespas está a ser abanado e as várias correntes socialistas podem vir a destruir o "élan" criado por Ségolène. As legislativas vão apoiar-se, tudo indica, na plataforma presidencial da candidata, mas vão divergir em questões substantivas. Os comunistas aperceberam-se de que uma bipolarização pode vir a ser possível e apressaram-se a procurar o diálogo com o PS. Além disso algumas destacadas figuras que acompanharam François Mitterrand encontram qualquer coisa na anunciada "abertura à esquerda" de Sarkozy.

François Bayrou vai tentar suster o centro político capitalizando nos seus quase sete milhões de votos. Terá sucesso se o seu eleitorado decidir por uma distinção clara entre liderança presidencial e parlamentarismo. Se tal não suceder Bayrou ficará nas franjas minoritárias, juntamente com outro grande derrotado: Jean-Marie Le Pen. A direita poderá acomodar os gaulistas, que se dividiram e apoiaram Sarkozy, poderá acomodar o eleitorado que se tem dispersado mais à direita que à esquerda.

Será o cenário bem possível da bipolarização. Mas o cenário da bipolarização poderá também ser o cenário da coabitação para o ainda não empossado novo Presidente da França, Nicholas Sarkozy.

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