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Benjamim Formigo 07 de Setembro de 2007 às 13:59

O caos inextrincável de Darfur

Desde 2003 que a chamada Comunidade Internacional vem debatendo uma intervenção em força na província sudanesa do Darfur. O conflito era antigo e opunha muçulmanos do Norte aos não muçulmanos do Sul. Periodicamente os confrontos subiam de tom, ...

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Periodicamente os confrontos subiam de tom, a guerra que se adivinhava inevitável ia-se adiando a si mesma.

O golpe militar que levou o general Omar al-Bashir ao poder desencadeou uma guerra que, condenada internacionalmente, levou o Presidente e os seus conselheiros a formar, treinar e armar milícias árabes armadas que se lançaram contra as populações não árabes e até contra algumas populações árabes que se pretendiam manter fora do conflito. Não havia lugar para neutralidade.

As milícias foram fazendo o seu trabalho desde o inicio do conflito e continuaram-no com o apoio do Governo mesmo depois de um acordo de paz entre al-Bashir e parte da oposição armada. Espalharam a guerra pelo Chade, mataram dezenas de milhares de pessoas, provocaram milhões de refugiados, muitos dos quais nem podem gozar da protecção da ONU porque são “deslocados internos”.

O Conselho de Segurança há mais de um ano que fala numa força de manutenção ou melhor implementação de paz. Até lá uma insípida força da União Africana vai mantendo uma presença limitada e condicionada pelos poucos meios e o mandato. Semelhante a um mandato capitulo VI da ONU que não permite uso da força se não em defesa própria. Na realidade a força tem de estar sob o Capitulo VII que permite o uso da força para a protecção de populações.

O Darfur está no fim da linha. As milícias já não têm que atacar e disputam os despojos umas das outras abrindo uma nova frente de guerra entre milícias - mas que não poupa civis. Hipocritamente o Conselho de Segurança andou a negociar com o autor do crime a entrada da policia. A força de manutenção de paz da ONU que irá apoiar a da União Africana, irá finalmente entrar em cena, mas não estará pronta antes do final do ano.

O tempo nos conflitos desta natureza mede-se em mortos, desalojados, famílias separadas. Depois desse cenário estar concretizado a Comunidade Internacional surge finalmente para pagar uma parte substancial de uma factura demasiado elevada e procura com isso aliviar as consciências.

O Direito de Defender ou o Dever de Defender foi posto em prática nos Balcãs com uma pequena demora relativamente a alguns conflitos. No resto do Mundo não desenvolvido o tempo para discutir e ver quem terá a força no final dá para indo fazer as contas e saber quanto vai o Primeiro Mundo ganhar em matérias primas.

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