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14 de Setembro de 2007 às 13:59

Democracia, equilíbrios e compromissos

A audição em ambas as Câmaras do Congresso dos Estados Unidos do embaixador no Iraque, Ryan Crocker, e do comandante militar americano David Petraeus foi um curioso exercício da democracia e da transparência na Governação. Ambos os responsáveis pela condu

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Por muita contenção que os dois homens tivessem, não se pode dizer que os seus relatórios fosse totalmente do agrado da Casa Branca. Recorreram a subterfúgios para, sem mentir, tentar tornear as questões mais sensíveis que tinham de expor no Capitólio.

Na Câmara dos Representantes, o ambiente aqueceu o suficiente para uma sessão difícil no Senado, onde o general se viu obrigado a admitir que o início de retirada das tropas era possível, mas não foi capaz de se comprometer com uma data para a retirada norte-americana do Iraque. Por seu turno, o embaixador falou em ligeiros progressos graças ao reforço militar mas também ele se esquivou a compromissos.

De facto, a única coisa que os dois homens foram capazes de assumir foi o regresso do efectivos americanos aos níveis do ano passado antes do reforço de 30 mil homens. O rasto deixado pelos dois responsáveis não será agradável para George W. Bush, que ontem teve de se dirigir ao país. Um rasto que segue os passos do relatório Baker.

Mentir ao Congresso é qualquer coisa de infame nos Estados Unidos, mesmo que isso ponha em causa a política do Presidente, ou o próprio Presidente. Os congressistas, por seu turno, não vão querer uma debandada como se viu no Vietname. Por isso, foram relativamente moderados no interrogatório aos dois responsáveis e até alguns democratas mais radicais se contiveram. Contudo, deixaram claro: não pode haver uma data em aberto para a retirada americana do Iraque.

O próximo passo de George W. Bush, independentemente do discurso de ontem, será procurar em conjunto com o Congresso um consenso para sair do Iraque. A alternativa será vergonhosa: deixar para o próximo Presidente a solução que, de momento, ninguém é capaz de dizer qual é. Certo, porém, é que no terreno as condições praticamente não melhoraram, a violência apenas mudou de lugar; o objectivo é o mesmo.

O desacordo de ontem sobre o “Acordo do Petróleo” que dividia as receitas do ouro negro só pode piorar uma situação já de si impossível.

Talvez valesse a pena dar a palavra à diplomacia que Ryan Crocker quis tentar com o acordo de Condolezza Rice e que acabou por ser afastado para ser precedido pela “pacificação”. Tudo vale a pena tentar.

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