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18 de Novembro de 2005 às 13:59

O novo conceito de OSINT

OSINT é a sigla correspondente a «open source intelligence», conceito que se encontra em expansão no âmbito dos serviços de informações e que globalmente traduz a aplicação às fontes abertas da metodologia empregue na produção das informações confidenciai

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O conceito tem vindo a definir-se na medida em que se desenvolve a chamada sociedade da informação.

Há uma década, a OSINT praticamente não existia e, na perspectiva da todavia já então consagrada «competitive intelligence», o recurso às fontes abertas não constituía uma real opção para se obter boas informações. Num dos manuais de referência da época, «Perfectly Legal Competitor Intelligence», de Douglas Bernhardt, editado pelo Finantial Times em 1993, a afirmação é que «o campo das fontes abertas é infinito, os analistas não têm capacidade nem tempo para as tratar e, por isso, do ponto de vista da produção de informações o seu valor qualitativo é baixo».

A situação mudou muito desde essa altura, ao ponto de, precisamente na semana passada, a própria CIA ter anunciado a criação de um novo departamento, especializado em OSINT, sob a designação Open Source Center. Com efeito, a OSINT nos últimos cinco anos tem vindo a ser objecto de interesse crescente no ambiente dos serviços de informações civis e militares e das revistas académicas da área dos Intelligence Studies. A NATO, por exemplo, tem vindo a criar doutrina em torno do conceito desde os finais de 2001, tendo já definido os conceitos subsidiários de «open source data» (OSD) e «open source information» (OSI), referindo-se ambos à informação em bruto antes de ser objecto de recolha e tratamento: o primeiro relativo a elementos como fotografias e imagens de satélite comerciais; o segundo relativo aos meios de comunicação social, livros e relatórios de todo o género. A NATO define pois a OSINT como «a informação que foi deliberadamente descoberta, discriminada, destilada e disseminada por uma audiência seleccionada, de modo a responder a uma questão específica».

Esta definição é hoje consensual e, transposta para o campo da gestão, significa que a OSINT assume uma posição preponderante no tradicional ciclo da produção de informações, directamente dependente da primeira linha da tomada de decisão. É o que está a acontecer nos Estados Unidos, por exemplo, ou na França com o valor do patriotismo económico a ser instilado nos gestores por instituições como a Escola de Guerra Económica e por novas figuras do Estado como o Alto Representante para a Inteligência Económica, dependente do primeiro-ministro.

A Internet é um elemento central neste contexto e em Portugal parece não existir ainda sensibilidade ao nível das empresas para o seu potencial enquanto factor de vantagem competitiva via OSINT. As unidades de informações estratégicas são inexistentes e geralmente a procura de dados e informações na Internet, no seio das empresas, fica a cargo dos habilidosos e amadores da «navegação» ou de alguém designado para o efeito, acumulando melhor ou pior, casuisticamente, informação bruta em folhas de papel em dossiês. Quando há dinheiro, compra-se informações externamente sob a forma de relatórios, que são muitas vezes peças caras de «pronto-a-decidir», sem qualquer filtro consistente de conhecimento interno, estratégico, cientificamente produzido.

Do ponto de vista da OSINT, a navegação não pode ser realizada somente à vista – tem de ter um «regimento», isto é, orientação e técnica. Neste momento assiste-se ao surgimento constante de motores de busca cada vez mais especializados e eficazes que, por exemplo, abrem a possibilidade de se proceder a pesquisas temáticas abrangendo milhares de publicações de praticamente todos os países do mundo, com uma actualidade na ordem dos minutos, o que permite inclusivamente em tempo real ultrapassar a barreira da diferença horária mais dilatada. Outra utilidade da Internet é o enorme espectro de «sites» especializados que existem pelas mais variadas razões e intenções. E há ainda que contar com a «gestão de stocks» dos designados favoritos, que não param de crescer.

Mas a Internet também comporta ameaças como, por exemplo, aquela que é a solução extrema da OSINT: a acção dos «hackers». Uma empresa que hoje menospreze este aspecto, em termos de segurança informática, tem sem qualquer dúvida, potencialmente, uma grave «desvantagem competitiva».

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