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Pedro Borges Graça bgraca@iscsp.utl.pt 10 de Setembro de 2007 às 13:59

A ameaça terrorista nos Estados Unidos

É já hábito: todos os anos, ao aproximar-se a data de 11 de Setembro, os Estados Unidos vivem suspensos na dúvida de se irá ou não ocorrer um atentado terrorista no seu território, de dimensão equivalente ou maior ao das torres gémeas.

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A ameaça é oficialmente avaliada como sendo de grau amarelo, ou seja, elevada, definida como “risco significativo de ataques terroristas”. Os jornais enchem-se de análises e os especialistas em terrorismo e segurança e informações apresentam os mais variados cenários possíveis e prováveis.

Alguns, porém, na perspectiva da psicologia, consideram que o terror marca hoje o estado de espírito dos americanos, num nível que pode ser entendido como próximo da paranóia. Surgiu mesmo um novo tipo de crime de extorsão, aproveitando a percepção do terrorismo, como o que ultimamente tem ocupado as investigações do FBI em 11 Estados. Grandes supermercados e armazéns de retalho têm sido vítimas de telefonemas a ameaçarem atentados bombistas contra as instalações e os trabalhadores, se não forem transferidas determinadas quantias de dinheiro para contas bancárias no estrangeiro. As notícias referem que já foram extorquidos deste modo vários milhares de dólares e, num caso, um trabalhador chegou mesmo a despir-se sob as ordens por telefone do “terrorista” que, alegadamente, o mantinha sob observação à distância. Facto curioso, esses telefonemas seriam feitos a partir de Portugal, como noticiava a Associated Press há poucos dias atrás.

Um parêntesis: não é bom para a imagem de Portugal que apareçamos como um santuário de terroristas, por força de um suposto facilitismo das nossas polícias e serviços de informações, como poderá fazer crer este caso, junto com os recentes da ETA, e outros que, mesmo por má fortuna, possam surgir. O lastro histórico da nossa imagem terceiro-mundista parece ser ainda reconhecível e facilmente manipulável por quem realmente não nos conhece, o que é indubitavelmente uma realidade nos Estados Unidos.

Mas adiante. Outros, contudo, numa perspectiva mais sociológica e económica, vêem esta sensibilidade “aterrorizada” como uma característica positiva dos americanos de prevenção e resposta eficaz contra um possível atentado terrorista de grandes dimensões, talvez mesmo provável e inevitável. Uma forma de manter os cidadãos em estado de alerta é alertá-los continuamente para os efeitos rápidos e simultâneos de um atentado de grande dimensão: pânico social, engarrafamentos, má visibilidade provocada por fogo e fumo, cortes de electricidade, elevadores parados, pessoas presas em túneis do metro, aeroportos fechados, hospitais sobrelotados, congestionamento das telecomunicações, quebras de produção, interrupções nos circuitos de distribuição e assim por diante.

É desta forma que os americanos vêem a necessidade de se fazer planos de emergência e contingência tanto para as pessoas e famílias como para as instituições públicas e privadas, onde se incluem as empresas. Estes planos estão a começar a fazer parte do quotidiano americano, afixados em casa, na escola ou no trabalho, e a cultura de insegurança/segurança não para de se alastrar, assim como o correlativo mercado.

Por outro lado, este ambiente favorece o reforço das medidas de vigilância de pessoas, grupos e instituições, tal como aconteceu recentemente com a decisão de, pela primeira vez, se permitir às forças de segurança o acesso aos mais potentes e secretos satélites militares, para terem imagens de alta definição em tempo real. A tecnologia já permite, por exemplo, “ver” pessoas dentro de edifícios, detectando o calor emitido pelo corpo humano.

Mas a verdade é que a ameaça terrorista nos Estados Unidos não é inventada. Estão a ser descobertos grupos em território americano, como o “Virginia Jihad Group”, liderado por Ali Al-Timimi, nascido em Washington e doutorado em biologia computacional.

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