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BCP atinge lucro recorde de 906 milhões de euros
Em Portugal o lucro foi de 786 milhões. A margem desacelerou, refletindo a evolução da baixa dos juros. "Payout" será de 50%, confirmou o CEO. O valor pode subir para 75% com a recompra de ações já autorizada pelo BCE.
O BCP registou um lucro consolidado de 906,4 milhões de euros em 2024. O resultado - um máximo desde pelo menos 2007 - representa um aumento de 5,9% face aos 856 milhões de euros alcançados no ano anterior.
Em Portugal o resultado foi de 786,4 milhões de euros, 8,5% acima de 2023.
"Foram resultados bons", começou por afirmar o CEO do banco na apresentação dos resultados. Miguel Maya qualificou 2024 como "um ano bem conseguido, cujo resultado espelha o trabalho de muitos anos".
Nas operações internacionais, o Bank Millennium, detido pelo BCP na Polónia, fechou 2024 com lucros de 167 milhões de euros, um aumento de 25% face ao ano anterior.
O BIM, em Moçambique, viu o lucro cair para menos de metade: a descida foi de 54,1% para 48,5 milhões de euros. O resultado foi "influenciado pelo contexto", entende o banco. O país africano tem vivido um período de instabilidade política e social desde as eleições presidenciais do ano passado.
O dividendo que a administração do banco vai propôe aos acionistas será de 50% do resultado, confirmou Miguel Maya. Sendo que o banco já tem autorização do Banco Central Europeu para a recompra de ações que já tinha anunciado no valor de 200 milhões de euros, o que poderá elevar para 75% o valor a devolver aos acionistas.
A margem financeira consolidada teve uma evolução residual, de 0,2%, atingindo 2,83 mil milhões de euros. A diferença entre juros pagos e cobrados desacelerou em muito face ao crescimento verificado até 2023 e que foi motivado pela subida dos juros do Banco Central Europeu. O movimento foi invertido em meados do ano passado. Em Portugal, a margem caiu 9% para 1,34 mil milhões de euros.
Já as comissões deram origem a um encaixe de 808,5 milhões de euros, 4,8% acima dos 717,8 milhões de euros verificados em 2023. Na atividade doméstica, as comissões subiram 5% para 588,3 milhões de euros, fruto do "aumento da base de clientes", salientou Miguel Maya.
Os custos operacionais consolidados sofreram um aumento de 12,4% para 1,3 mil milhões de euros. Na operação nacional o acréscimo foi inferior, de 9,1%, para 673 milhões de euros.
O custo do risco no grupo caiu 22% para 858 milhões de euros. Em Portugal a queda foi ainda mais expressiva, de 36,5% para 234 milhões de euros.
Os recursos de clientes cresceram 8% para quase 103 mil milhões de euros, enquanto na operação doméstica a evolução foi de 5,8% para cerca de 70 milhões.
A carteira de crédito atingiu 57,2 mil milhões de euros, 0,7% acima do valor verificado em 2023. Neste capítulo, o sotck de empréstimos para comprar casa aumentou de 28 para 28,7 milhões de euros. Em Portugal, a carteira evoluiu em sentido contrário: caiu 0,7% para 38,4 mil milhões de euros.
O malparado, medido através do rácio de exposições improdutivas (NPE, na sigla inglesa) caíram 6,5% para 1,82 mil milhões de euros. Na operação doméstica a queda foi ainda mais expressiva, atingindo 12,1% e situando-se agora ligeiramente abaixo da fasquia dos mil milhões de euros.