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31 de Dezembro de 2003 às 20:00

12 desejos para 2004

Não adianta tentar fintar o calendário e impor-lhe uma agenda que ele não quer. E neste dia, o último de um ano para esquecer (ou, se quiserem, para recordar e não repetir erros), impõe-se cumprir as praxes em vigor. Por ordem arbitrária, aqui ficam então

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Não adianta tentar fintar o calendário e impor-lhe uma agenda que ele não quer. E neste dia, o último de um ano para esquecer (ou, se quiserem, para recordar e não repetir erros), impõe-se cumprir as praxes em vigor.

Por ordem arbitrária, aqui ficam então 12 desejos para o ano que começa mais logo. Pedi-los a todos é sonhar. Se alguns se concretizarem já não será nada mau.

1 Sair da depressão. É crucial que o país se liberte, definitiva e consistentemente, da depressão colectiva em que mergulhou em 2003. E isso não passa só pela economia. Os casos de pedofilia, os terríveis fogos do Verão, a constante guerra-civil nas estradas, as pontes que caem e os autocarros que desaparecem em buracos, as "cunhas" ministeriais, são sintomas de um país que não sabe cuidar de si.

2 Reformar depressa. O tempo urge. E já se sabe: ou se fazem as mudanças dolorosas em 2004 ou já não se fazem, porque depois há eleições.

3 Fixar um desígnio. Um objectivo concreto e facilmente apreendido pela sociedade, um prazo para o cumprir e, preferencialmente, um controlo externo. Sempre foi assim que o país reagiu. E quando o fez fê-lo bem.

4 Mais software e menos hardware. É fácil fazer estradas, escolas e hospitais. Bruxelas até paga metade da conta. Difícil, porque não se resolve com dinheiro, é fazer tudo funcionar bem.

5 Cumprir leis em vez de mudá-las. Do Código da Estrada às leis tributárias, do financiamento dos partidos às regras de ordenamento do território, não falta legislação. Falta é fiscalização e responsabilização.

6 Recuperar o bom senso das linhas editoriais. O país corre ao sabor dos media e as prioridades noticiosas destes são, demasiadas vezes, completamente perversas. A "big-brotherização" da informação, o campeonato do "o que é que sente?", a ditadura do futebol e da pequena tragédia pessoal, embalam o povo quando ele devia ser acordado.

7 Pactos de regime. Era muito bom que o PSD e o PS estivessem à altura e acertassem duas ou três coisas. Reforma da administração pública e combate à fuga fiscal, por exemplo. Sem politiquices nem hipocrisias.

8 Mais regulação. Menos Estado, sim. As boas experiências de regulação têm que ser generalizadas e os reguladores têm que ter meios e plena independência.

9 Cooperação entre empresas. As ameaças externas combatem-se com cooperação entre empresas e não com proteccionismo. E esse é um papel que cabe, antes de mais ninguém, aos empresários.

10 Cuidar dos mais desprotegidos. A forma como imigrantes, desempregados, velhos, crianças ou doentes são tantas vezes mal tratados devia envergonhar o país. São estes que precisam de um Estado forte e ágil.

11 Aumentar a qualidade de vida. Carros nos passeios, betão a mais, engarrafamentos constantes, longas jornadas casa-trabalho-casa, filas de espera e mau atendimento em serviços públicos e privados. Não há produtividade que resista a ambiente tão adverso. Ainda é difícil viver em Portugal.

12 Mais cidadania. Algumas mudanças importantes dependem sobretudo de cada um de nós. O novo ano também será, em boa parte, aquilo que quisermos fazer dele.

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