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Commerzbank: Políticas do Governo podem ameaçar dívida e competitividade

O banco alemão alerta que as taxas da dívida portuguesa correm o risco de subir em Março, na antecipação da análise da DBRS ao "rating" nacional.

Erid Vidal/Reuters
19 de Janeiro de 2016 às 13:53
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Os economistas do Commerzbank, Ralph Solveen e Jörg Krämer, numa nota aos investidores, consideram que as políticas seguidas pelo Governo de António Costa podem "levar a uma subida da dívida e à diminuição da competitividade do País". Consideram que dois dos maiores sucessos do anterior Governo, a estabilização das finanças públicas e a melhoria da competitividade, estão em risco.

Ralph Solveen e Jörg Krämer justificam aquela perspectiva com a adopção de medidas como a reposição dos feriados, a descida do IRS, a reposição dos salários na função pública e o aumento de pensões. Outros dos factores apontados são a interrupção das privatizações dos transportes e a subida do salário mínimo.


"Vemos um risco substancial de que o défice seja superior a 3% do PIB em 2016. E a redução do elevado rácio de dívida pública será bem menor que o anteriormente planeado", referem os economistas do Commerzbank. Alertam também que "ainda mais preocupante é a regulação emergente do mercado de trabalho e os custos mais elevados para as empresas".

 

Presidenciais e DBRS no foco do mercado

"A grande questão nas próximas semanas é até que ponto o Governo conseguirá implementar o seu programa", referem os economistas. O projecto de Orçamento do Estado para este ano dará uma primeira impressão mas, para o banco alemão, há dois factores mais relevantes para se conseguir uma resposta para aquela questão.


O primeiro é o desfecho das eleições presidenciais. O banco de investimento destaca que Marcelo Rebelo de Sousa lidera as sondagens. E considera que caso existam conflitos persistentes entre o PS e os outros partidos de esquerda que apoiam o Governo, Marcelo Rebelo de Sousa poderia considerar uma dissolução do Parlamento. Isto apesar do Commerzbank notar que o candidato apoiado pelo PSD não é um defensor tão rígido da política de reformas como Cavaco Silva.


Outro factor que poderá dificultar a implementação do programa do PS é a revisão do "rating" pela DBRS. A agência canadiana é a única das consideradas pelo BCE que classifica Portugal em grau de investimento, o que permite que a dívida portuguesa seja usada como colateral junto do banco central e que seja incluída no programa de compras de activos da entidade liderada por Mario Draghi.

 

Risco de subida acentuada dos juros

A agência pronuncia-se sobre Portugal a 29 de Abril. E o Commerzbank nota que apesar de na última revisão a DBRS nem sequer ter cortado as perspectivas, "tendo em conta as medidas tomadas desde então que terão impacto no défice, [a DBRS] pode agora decidir de forma diferente". Uma decisão desse tipo poderia levar a que Portugal tivesse de solicitar um novo programa de resgate, alertam os economistas, colocando o país numa situação semelhante à vivida pela Grécia no ano passado.


Uma das soluções seria o novo Governo "tentar eliminar este perigo seguindo uma direcção mais moderada na política económica". No entanto, o Commerzbank entende que isso levaria a um conflito com os apoiantes mais à esquerda e à perda da maioria parlamentar.


Os economistas do banco germânico alertam que na antecipação da decisão da DBRS, as taxas da dívida pública portuguesa poderão sofrer. "Os receios de uma descida do ‘rating’ por parte da DBRS que resultem num fim temporário das compras do BCE podem levar as taxas a subirem de forma acentuada".

E essa pressão já se tem notado nas últimas sessões, com as taxas das obrigações portuguesas a distanciarem-se das ‘yields’ das obrigações espanholas, italianas e alemãs. Desde o início do ano, a ‘yield’ portuguesa a dez anos sobe de 2,516% para 2,79%.

 

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