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FMI revê em alta crescimento dos maiores parceiros de Portugal

Alemanha e Espanha, dois dos principais clientes e investidores em Portugal, deverão crescer em 2016 mais do que se previa em Outubro. Já para França, EUA e sobretudo para o Brasil as variações são de sinal negativo. A China está a perder velocidade, mas dentro do previsto. É preciso apoiar a procura e prosseguir com reformas estruturais, diz FMI.

Bloomberg
19 de Janeiro de 2016 às 10:04
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Puxada pela Alemanha e por Espanha, a Zona Euro deverá acelerar em 2016 e crescer 1,7%, prevê o Fundo Monetário Internacional (FMI) nas suas previsões macroeconómicas intercalares, no âmbito das quais apenas actualiza os números para as maiores economias mundiais.

O valor agora inscrito para a Zona Euro fica uma décima acima do que a instituição previa em Outubro e significa uma ligeira aceleração face ao crescimento de 1,5% estimado para 2015. Quando olha para a evolução do conjunto da economia global, o Fundo revela-se, porém, um pouco mais pessismista devido à desaceleração nos emergentes.

Entre os quatro "grandes" da Zona Euro, o destaque pela positiva vai para os países que são simultaneamente os dois maiores clientes e investidores em Portugal. Nos novos cálculos do FMI, Alemanha crescerá 1,7%, mais uma décima do que se antevia em Outubro, e Espanha 2,7%, mais duas décimas, o que sugere a possibilidade de uma conjuntura externa ligeiramente mais favorável para a economia portuguesa que, nas anteriores previsões do Fundo, cresceria 1,6% em 2015 e 1,5% neste ano.

Ainda dentro da Zona Euro, o destaque pela negativa vai para França que vê a sua previsão de crescimento reduzida em duas décimas, para 1,3% - o mesmo valor de Itália, cujas perspectivas não sofreram alterações desde Outubro.

Brasil, Rússia e China preocupam

Não obstante a melhoria das previsões para a Zona Euro, o FMI está agora mais pessimista em relação ao andamento do conjunto da economia global, antecipando um crescimento de 3,4%, duas décimas aquém da anterior previsão. "Teremos alguma melhoria marginal no ritmo de crescimento mas menos do que esperávamos há alguns meses", resume Maury Obstfeld, director do departamento do análise económica do FMI.

Devido à apreciação do dólar, o Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos deverá progredir 2,6%, em vez dos 2,8% calculados há quatros meses. Mas as maiores revisões em baixa foram feitas para as economias emergentes, com destaque, uma vez mais, para a Rússia (que cairá 1%, em vez de 0,6%) e sobretudo Brasil: depois de ter recuado 3,8% em 2015, o FMI antecipa que a economia brasileira encolha 3,5% neste ano e estagne em 2017, quando em Outubro esperava uma queda de 1,5% seguida de um crescimento de 2,3%.

"Nos mercados emergentes, há uma grande diversidade de situações, mas em geral o crescimento está travado pelo fim de um ciclo de crescimento assente na venda de matérias-primas cujos preços estão agora em queda. O Brasil está simultaneamente a enfrentar problemas políticos", refere Obstfeld, numa referência provável ao processo de destituição em curso da presidente Dilma Rousseff.


A China, que tem gerado alarme nos mercados accionistas, está a perder velocidade, mas ainda dentro do previsto, com o FMI a manter a previsão de um crescimento do PIB em torno de 6,3%. A instituição liderada por Christine Lagarde (na foto) adverte, porém, que é aqui que residem os maiores riscos para a evolução da economia mundial no curto prazo –embora não só.

Se estes desafios-chave não forem bem geridos, o crescimento global pode descarrilar.

Maury Obstfeld


"Os riscos para as perspectivas mundiais permanecem enviesados no sentido descendente e prendem-se com uma desaceleração generalizada nas economias emergentes, com o reequilíbrio em curso na China, com os preços mais baixos das matérias-primas e com a retirada gradual de condições monetárias extraordinariamente acomodatícias nos Estados Unidos. Se estes desafios-chave não forem bem geridos, o crescimento global pode descarrilar", alerta Maury Obstfeld.

Mais reformas e mais investimento público (onde houver margem)

  

Para inverter a expectativa de um longo período de crescimento medíocre que pesa, em particular, sobre o chamado mundo desenvolvido, o FMI volta a recomendar aos bancos centrais – especificamente ao europeu e ao do Japão - para que mantenham as suas políticas de baixos juros e de compra de activos.


Para os governos, as recomendações também são bem conhecidas. É preciso que prossigam com reformas estruturais que melhorem o funcionamento dos mercados laborais, as qualificações e que tornem o ambiente de negócios mais amigável; e, na medida das possibilidades orçamentais de cada um, que apoiem a procura.

"É difícil perceber que, em países em que há margem orçamental e taxas de juro tão baixas, não sejam feitos investimentos em infra-estruturas quando eles são tão necessários", insiste Maury Obstfeld, director do departamento de análise económica do FMI, renovando um recado que tem sido recorrentemente endereçado à Alemanha e aos Estados Unidos. "Já outros países europeus terão de continuar a gerir a herança da elevada dívida", acrescenta, numa referência implícita a países como Portugal.

 

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