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FMI antecipa condições mais difíceis para os países emergentes em 2016

O economista-chefe do FMI acredita que neste novo ano os países emergentes continuarão perante condições económicas desafiantes e complexas. Maury Obstfeld antevê possibilidades de "maior volatilidade" para os mercados financeiros.

Mariana Bazo/Reuters
04 de Janeiro de 2016 às 17:01
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Numa entrevista de final de ano concedida ao próprio Fundo Monetário Internacional (FMI), o economista-chefe do Fundo, Maury Obstfeld, olhou para o ano transacto e apontou os desafios e obstáculos que 2016 deverá apresentar ao crescimento da economia global.

 

Desde logo, para o sucessor de Olivier Blanchard, em 2015 os países emergentes continuaram a abrandar, excepção feita à Índia, devido "à queda dos preços das ‘commodities’ e a condições financeiras mais apertadas". Quanto aos Estados Unidos, notou que "a economia norte-americana prosseguiu o seu crescimento sólido e a criação de emprego, enquanto a Europa, de forma genérica, acelerou".

 

Obstfeld lembra que a baixa taxa de crescimento chinesa, que resultou na diminuição das importações e numa menor procura de matérias-primas, teve um impacto "muito mais abrangente" do que inicialmente antecipado. Assim, para 2016, o economista-chefe do FMI aponta como determinante a capacidade de a China inverter a tendência de abrandamento económico, isto numa conjuntura de transição de uma economia assente no investimento e na produção industrial para uma economia de consumo e serviços.

 

Este economista antecipa que um crescimento abaixo das metas definidas poderá continuar a "assustar os mercados financeiros globais", fazendo com que "os mercados emergentes [voltem a] estar no centro das atenções".

 

Não obstante as políticas acomodatícias seguidas pelo Banco Central Europeu (BCE) e pelo banco central do Japão, o economista-chefe do FMI antecipa uma "susceptibilidade" para se verificar "maior volatilidade" nos mercados financeiros em 2016. De vital importância nos meses que se seguem será verificar como irão os mercados acomodar-se e reagir às prováveis novas subidas da taxa de juro directora nos Estados Unidos, refere Obstfeld.

 

"Mas não há dúvida de que as condições financeiras globais estão a estreitar-se, com os mercados emergentes e em desenvolvimento especialmente sensíveis aos efeitos [decorrentes], e a outros infortúnios", acrescenta Maury Obstfeld.

 

Em 2016 permanecerá ainda como questão vital perceber se o crescimento pode ser mais inclusivo, defende o economista-chefe do FMI que destaca ainda como "urgente" assegurar uma melhor integração do sistema financeiro nos quadros políticos existentes.

 

Maury Obstfeld salientou também que as tensões geopolíticas, sentidas em 2015, poderão ser determinantes para os resultados macroeconómicos globais e regionais de 2016. Nesse sentido, outro desafio patente em 2015 mas que continuará presente em 2016, passa pela crise dos refugiados e pela capacidade das economias europeias para absorverem essa mão-de-obra. Obstfeld lembra que a crise na Ucrânia, a situação na Grécia ou os independentismos em Espanha, serão temas a marcar o novo ano.

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