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Wall Street ignora IA e tarifas e anima com resultados empresariais
Os três principais índices norte-americanos conseguiram ficar à tona, com os investidores animados por alguns resultados trimestrais de gigantes em bolsa e pela recuperação do setor tecnológico, depois dos receios sobre os investimentos em inteligência artificial e a guerra comercial.
As bolsas norte-americanas terminaram a sessão em terreno positivo, num momento em que os investidores parecem estar a deixar de lado os resultados dececionantes de pesos pesados das tecnológicas, como a dona da Google, a Alphabet, e focam-se agora nos resultados positivos de outras cotadas.
Aliás, as ações relacionadas com inteligência artificial (IA) mostraram sinais de recuperação após terem sido abaladas na semana passada devido à startup DeepSeek. A Nvidia, por exemplo, que registou as maiores perdas, acabou a sessão desta quarta-feira a subir mais de 4%.
Wall Street tem sido abalada por dados económicos irregulares, a guerra comercial e dúvidas sobre se os milhares de milhões de dólares gastos em IA começarão a dar frutos.
"No final das contas, a procura por IA não vai terminar, mesmo com as notícias da DeepSeek. Todos vão ter que gastar mais dinheiro e é isso que tem sido o cenário com a IA - um ciclo bastante longo", explicou à Reuters Rob Haworth, da US Bank Asset Management.
O S&P 500 fechou em alta de 0,39% nos 6.061,48 pontos, enquanto o Dow Jones avançou 0,71% para 44.873,28 pontos. Já o tecnológico Nasdaq Composite subiu 0,19% para 19.692,33 pontos.
Na atualidade de resultados, a biotecnológica Amgen disparou cerca de 6%, ajudando a impulsionar o Dow, depois de apresentar lucros ajustados e receitas acima do esperado no quarto trimestre.
Noutros movimentos de mercado, a Advanced Micro Devices caiu 7,5% após ter apresentado previsões de lucro que não animaram os investidores. Além disso, a CEO, Lisa Su, admitiu que as vendas de centros de dados da empresa no trimestre atual - um indicador da receita em IA - terão caído cerca de 7% em relação ao trimestre anterior.
A Uber Technologies registou uma queda de 8% devido a fracas previsões para o ano.
A Walt Disney apresentou resultados do primeiro trimestre fiscal que superaram as estimativas dos analistas, impulsionados pelo sucesso de bilheteira do filme "Moana 2" e pelo aumento dos rendimentos dos serviços de streaming. Ainda assim, as ações caíram quase 2,5%.
Com um olho ainda em desenvolvimentos sobre tarifas, as atenções dos investidores voltam-se para o relatório de emprego nos EUA relativo a janeiro, divulgado na próxima sexta-feira. O mercado procura pistas sobre as próximas decisões de política monetária da Reserva Federal (Fed), que reúne a 18 e 19 de março.
"Há algumas preocupações de que a Fed possa precisar de aliviar a pressão mais rápido, de que a economia está a desacelerar, o que, na verdade, é uma notícia favorável para os mercados, que esperam por esses cortes nas taxas", disse Haworth.