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FMI: Economia mundial está a desacelerar pelo quinto ano consecutivo
A economia global deverá crescer neste ano menos do que em 2014. O arrefecimento deve-se essencialmente à perda de dinamismo nos emergentes, sobretudo no Brasil e Rússia, mergulhados em profundas recessões. Japão e Zona Euro permanecem anémicos.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) voltou a rever em baixa a sua previsão para o crescimento da economia global, antecipando agora que o mundo cresça 3,1% neste ano, abaixo dos 3,4% registados em 2014. Será o quinto ano consecutivo de desaceleração. Para 2016 espera-se ainda que a economia mundial ponha o pé no acelerador e se expanda 3,6%, mas – adverte o Fundo – a balança dos riscos passou agora estar mais inclinada para o lado negativo. Em Abril, a organização sedeada em Washington antecipava que o produto interno bruto (PIB) mundial crescesse 3,5%, tendo em Julho revisto esse número em baixa para 3,3%.
As novas previsões trimestrais, divulgadas nesta terça-feira, 6 de Outubro, reflectem um arrefecimento da China (crescerá 6,8% e 6,3% neste ano e no próximo, abaixo dos 7,3% registados em 2014) e uma perda de dinamismo nos países emergentes, sobretudo no Brasil e Rússia, ambos mergulhados em cavadas recessões.
"O quinto ano consecutivo de desaceleração do crescimento reflecte uma combinação de factores: o crescimento mais fraco em países exportadores de petróleo, a desaceleração na China, e uma perspectiva mais fraca para os exportadores de outras matérias-primas, inclusive na América Latina. Além disso, as tensões geopolíticas e as lutas internas em vários países continuam a ser elevadas, com custos económicos e sociais imensos", resume Maurice Obstfeld, conselheiro económico FMI.
Face ao desempenho do ano passado, espera-se uma "modesta recuperação nas economias avançadas", em particular nos Estados Unidos, que acelerarão de 2,4% em 2014 para 2,6% neste ano e 2,8% em 2016. Mas Japão e Zona Euro permanecem anémicos. A economia nipónica crescerá neste ano e no próximo abaixo de 1%, mas já em terreno positivo, enquanto a união monetária europeia deverá crescer 1,5% neste ano e 1,6% no próximo, acima dos 0,9% registados em 2014.
Neste contexto, o FMI volta a recomendar ao Banco Central Europeu que mantenha uma política acomodatícia, pedindo aos governos mais reformas estruturais para "fortalecer a participação no mercado de trabalho" e "reduzir os entraves à entrada de concorrentes nos mercados de produtos e serviços". No caso dos países com contas em ordem – cita-se explicitamente Alemanha e Holanda – o FMI volta a sugerir uma política mais expansionista, através de mais "investimento público, especialmente em infra-estruturas de qualidade". Para os demais países do euro, entre os quais se inclui Portugal, o FMI recomenda o cumprimento da disciplina prescrita no Pacto de Estabilidade e no Tratado Orçamental.