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Afinal, que febre é esta do lítio?

Com múltiplas utilizações provadas, tem sido a aplicação em baterias, e o fenómeno da electrificação automóvel, a despertar o interesse nesta matéria-prima. E Portugal pode, no futuro, vir a dar cartas.

Reuters
21 de Fevereiro de 2017 às 21:15
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As baterias de iões de lítio têm vindo a ganhar quota de mercado, de forma contínua, no armazenamento da energia excedente por parte das companhias eléctricas, para posterior recurso – sendo este um sector que está em franco crescimento. Os números não mentem: essa quota de mercado passou de 30% em 2012 para cerca de 88% em 2016, segundo as contas da Bloomberg.

 

Mas há mais. Muito mais. Enfrentando tecnologias concorrentes, como as baterias de chumbo-ácido, as baterias de sódio-enxofre e as electromecânicas, o lítio é também um elemento de grande importância no fabrico de baterias para os carros eléctricos.

 

A título de exemplo, a maior parte das baterias que são usadas nos veículos eléctricos vendidos na China têm cátodos baseados no lítio. Apesar de a restante composição até apresentar algumas alterações, o lítio continua a ser a "peça-chave".

"O lítio é a nova gasolina"

 

A procura por baterias de iões de lítio para veículos de todos os tipos tem vindo a aumentar de forma constante – e continua a crescer, segundo a Bloomberg. E com a forte produção por parte de empresas como a Tesla e a Alevo, estima-se que estas baterias possam vir a ver o seu preço descer. Só que a "explosão" esperada dos carros eléctricos e destes suportes de armazenamento exerce o efeito contrário sobre os preços do lítio.

 

De facto, enquanto matéria-prima, este mineral tem-se revelado imparável em bolsa. O lítio – que, na sua forma pura, é um metal macio, sendo o mais leve e menos denso entre os elementos sólidos – tem visto o seu preço subir nos mercados internacionais: entre 2015 e 2016, passou de 7.600 dólares para 20.000 dólares por tonelada.

 

A escalada do seu preço tem sido de tal ordem que o banco de investimento norte-americano Goldman Sachs já veio dizer que o lítio "é a nova gasolina".

 

O lítio (do grego ‘lithos’, que significa pedra), é também usado em aplicações industriais como vidro e cerâmica ou ligas metálicas – utilizadas em aeronaves, por exemplo. E mais: é um recurso na energia nuclear, actua como analgésico em operações de risco e marca presença em muitas pastas dentífricas.

E não se fica por aqui. "O lítio, um elemento que a mãe natureza colocou nalgumas fontes de água potável, tem sido usado há séculos pelos seus poderes curativos. Actualmente, é apresentado sob a forma de uma cápsula como estabilizador do humor para a depressão e doença bipolar. Além disso, novos estudos sublinham o seu papel como neuroprotector", refere o Centro Nacional de Informação Biotecnológica (NCBI, no original) dos EUA.

 

Um exemplo conhecido da utilização do lítio como estabilizador do humor está na série ‘Homeland’ (em Portugal surge como ‘Segurança Nacional’), cuja protagonista – Carrie Mathison (papel desempenhado pela actriz Claire Danes) – recorre ao lítio para o tratamento da sua bipolaridade.


E nas baterias, antes de chegar aos carros eléctricos, já alimentava muitos dos aparelhos e gadgets que usamos diariamente, como os computadores portáteis, telemóveis ou mp3.

 

Outro aspecto importante: não abunda na crosta terrestre. Pelo contrário, é um metal escasso e disperso em certas rochas, podendo ser encontrado também em sais naturais, águas salgadas e águas minerais", sublinha o Mundo Educação.

"A infernizar a vida dos estudantes" desde 1817

 

Resumindo, conforme diz a Desciclopédia em tom de brincadeira, "o lítio é um metal de inúmeros usos" e a sua principal aplicação "é infernizar a vida dos estudantes de química com aqueles três protões e três electrões". Mas cuidado. "Por ser inflamável, explosivo, ácido, corrosivo, radioactivo e solúvel em ácido sulfúrico, o seu manuseamento requer cuidados".

Numa explicação mais didáctica, o website QuimLab recorda que o lítio foi descoberto em 1817 por J. A. R. Arfvedson na Suécia, quando este analisava o mineral petalita [que tinha sido descoberto pelo brasileiro José Bonifácio].

O lítio foi depois isolado em 1818 por Sir Humphry Davy, após eletrolisar uma solução de carbonato de lítio numa cápsula de platina, sendo actualmente obtido pela eletrólise do cloreto de lítio fundido.

As potencialidades em Portugal

 

No passado dia 1 de Dezembro, o Governo fez saber que tinha criado um grupo de trabalho para estudar as potencialidades do lítio em Portugal. Tudo a pensar nas baterias para os carros eléctricos, que é uma das bandeiras com que Portugal acena à norte-americana Tesla para que Elon Musk se decida a instalar por cá a fábrica europeia da sua empresa de carros eléctricos.

 

"O grupo de trabalho visa ainda avaliar a possibilidade de produção de lítio metal", avançou o Governo a 1 de Dezembro, explicando que os minerais de lítio extraídos em Portugal se destinam em exclusivo à indústria cerâmica, sendo utilizados como fundentes e para baixar a factura energética.

 

Esta segunda-feira, 20 de Fevereiro, os australianos da Dakota Minerals – a empresa que está a desenvolver a prospecção de lítio para baterias em Trás-os-Montes –, confirmaram a existência naquele local de uma das maiores reservas de lítio na Europa, que deverão garantir mais de dez anos de vida útil à exploração.

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