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12 razões de peso para a Tesla instalar gigafábrica em Portugal

A febre da Tesla invadiu Portugal. Depois de a empresa ter conversado com o Governo, as autarquias e os portugueses começaram a mexer-se para concretizar este investimento.

02 de Dezembro de 2016 às 20:34
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A Tesla e o Governo de António Costa já se sentaram à mesa para falarem sobre um possível investimento da marca em Portugal.

A empresa de Elon Musk procura um local para instalar uma gigafábrica de carros eléctricos e de baterias de iões de lítio na Europa. 

A corrida a este investimento já começou e Portugal conta com concorrentes de peso. Espanha, França e Holanda já se chegaram à frente para agarrarem este investimento.

Portugal tem assim de montar um bom caso para apresentar à marca norte-americana. O Negócios apresenta alguns dos argumentos de peso que Portugal tem para receber este mega-investimento que pode representar um investimento de 5 mil milhões de dólares para criar 6.500 empregos directos e 22 mil indirectos entre os fornecedores, à semelhança da gigafábrica original nos Estados Unidos.

1 – Sol que nunca mais acaba

Esta é de caras. Portugal é um dos países da Europa Ocidental com mais horas de radiação solar por ano. À partida, esta característica não seria muito importante para um fábrica automóvel, mas a gigafábrica original nos Estados Unidos vai usar a própria energia que consome, através das centenas de painéis solares instalados no seu telhado.

Esta vantagem foi precisamente destacada pelo autarca de Mangualde. "Temos a certeza absoluta que a exposição solar do nosso país é um factor decisivo", disse João Azevedo (PS).

2 – Somos dos maiores produtores mundiais de lítio

O lítio é essencial para a Tesla. Primeiro, para produzir as baterias de iões de lítio, que vão depois equipar os carros eléctricos produzidos pela marca norte-americana.

O Governo já anunciou que vai criar um grupo de trabalho, com o objectivo de identificar e caracterizar a existência de depósitos de lítio em Portugal e as potenciais actividades económicas associadas ao seu aproveitamento.

A intenção surge depois da mineira Dakota Minerals ter anunciado que quer começar a produzir em Portugal em 2019, depois de ter descoberto uma jazida de lítio de grandes dimensões no Norte do país. A australiana quer acelerar a produção para coincidir com a abertura de várias fábricas de baterias de ião de lítio na Europa.

3 – Portos portugueses

A logística é um ponto essencial na indústria, em particular no sector automóvel. Primeiro, para as matérias primas e componente poderem chegar sem problemas à fábrica . Em segundo, para poder escoar facilmente a produção.

Este será um ponto importante para a gigafábrica da Tesla e Portugal conta com vários portos por onde escoar a sua produção, como por exemplo Sines, Setúbal, Aveiro ou Leixões.

Neste âmbito, o autarca de Palmela sublinhou as vantagens do seu concelho. "Desde já, o nosso posicionamento estratégico na península de Setúbal, a dois passos de Lisboa, com a possibilidade de ligação a grandes eixos de indústria, ao porto de Setúbal, assim como as ligações ferroviárias existentes para o Norte e Sul de Portugal", disse Álvaro Amaro (CDU).

4 – Indústria automóvel

Portugal tem um historial na produção de automóveis. A Autoeuropa produz Volkswagens no país há já 25 anos e prepara-se para anunciar um novo modelo em 2017, um SUV, que vai disparar a produção das 90 mil unidades para as 200 mil em 2018.

Já a PSA Peugeot Citroen produz em Mangualde desde 1962. O primeiro modelo a sair das linhas de produção foi o mítico "dois cavalos" da Citröen. A fábrica anunciou recentemente que vai investir 48 milhões até 2018 para produzir o sucessor das carrinhas Berlingo e Partner.

Em Abrantes, a fábrica do Tramagal produz há mais de 50 anos. Primeiro, os camiões da francesa Berliet. Actualmente, a produção pertence à Mitsubishi Fuso Truck Europe (que pertence ao grupo alemão Daimler), e fabrica o camião ligeiro comercial Fuso Canter.

Já a Renault em Cacia anunciou recentemente que vai investir 100 milhões de euros para produzir a nova geração de caixa de velocidades para o grupo Renault Nissan.

5 – Forte indústria de componentes

Para produzir automóveis são necessários fornecedores de peças e que a sua localização seja próxima da fábrica. E Portugal conta com uma forte indústria de fabricantes de componentes.

O país conta com 200 empresas de componentes, responsáveis por 45 mil postos de trabalho e que geraram um volume de negócios de 8,4 mil milhões de euros em 2015, segundo dados da Associação de Fabricantes para a Indústria Automóvel (AFIA).

Para ter uma ideia, esta indústria contribuiu com 5% para o produto interno bruto (PIB) e pesou 13% nas exportações de bens transacionáveis.

6 – Autarquias altamente motivadas

Torres Vedras, Palmela, Abrantes, Mangualde, Maia e Viana do Castelo. Todas estas autarquias estão a esgrimir os seus argumentos para virem a receber o investimento da Tesla. A mais recente foi a autarquia de Abrantes, casa da Mitsubishi Fuso.

"Abrantes é um concelho estrategicamente localizado entre o norte e o sul, o litoral e o interior e a fronteira luso-espanhola. Esta localização estratégica é potenciada pela existência de infra-estruturas rodoferroviárias que permitem assegurar boas condições de conectividade e interacção coma a Área Metropolitana de Lisboa, o Vale do Tejo, o Alto Alentejo, a Beira Interior e o território espanhol", disse ao Negócios fonte oficial da autarquia.



7 – Benefícios fiscais e apoio ao investimento

Dois pontos muito importantes para um futuro investimento. O apoio dado pelo Estado português às empresas ao investimento e criação de emprego foi recentemente destacado por um executivo de topo da Siemens, Andy Maertz.

Recorde-se que o investimento de 677 milhões na Autoeuropa, para instalar a nova linha de produção MQB onde vai ser produzido o novo SUV do grupo alemão em 2017, recebeu incentivos ao investimento. Outro exemplo é o da Continental Mabor que vai ter direito a incentivos fiscais no âmbito do investimento de 50 milhões em Famalicão e que vai criar 125 postos de trabalho.

8 – Água, sol e vento

As energias renováveis avançam em Portugal com toda a força. Em Maio, a água, o vento e o sol foram os responsáveis exclusivos pela produção de electricidade durante mais de quatro dias. Mais precisamente 107 horas no total entre a manhã de Sábado, 7 de Maio, até ao final da tarde de quarta-feira, 11 de Maio.

Desde o início do ano e até Outubro, 60% da electricidade produzida em Portugal teve origem em fontes de energia renovável, com a hídrica a liderar (33%), seguida da eólica (21%), bioenergia (5%) e a solar (1%), segundo dados divulgados pela Associação Portuguesa de Energias Renováveis (APREN) a partir de dados da REN.

9 – Carregamento de carros eléctricos e carros autónomos

A rede de postos de carregamento de carros eléctricos na via pública soma e segue. Até 2018, a rede Mobi.e vai ter mais de 1.600 postos em Portugal, com 50 deles a serem de carga rápida. O facto do país ter uma rede alargada poderá ser visto como uma vantagem para a Tesla e para os seus carros eléctricos, caso queira efectuar testes a protótipos, por exemplo.

Elon Musk tem apostado fortemente no carro autónomo. E o Governo português está neste momento a preparar um diploma legislativo para permitir a circulação de carros autónomos.

 

"Queremos criar legislação que permita usar as ruas de Portugal para piloto, para testes de carros" autónomos, adiantou recentemente João Vasconcelos, secretário de Estado da Indústria, em entrevista ao Negócios.

10 - Muito talento disponível

A qualidade do ensino em Portugal foi destacada recentemente pelo líder da Bosch em Portugal, Carlos Ribas. "As universidades portuguesas lançam jovens talentos para o mercado todos os anos. A educação académica está entre as mais qualificadas na Europa".


Ao mesmo tempo, sublinhou a qualidade dos engenheiros portugueses. "Portugal tem competências na engenharia com pessoas muito qualificadas".

Carlos Ribas também destacou a qualidade dos trabalhadores portugueses. "As fábricas da Bosch em Portugal estão fortemente comprometidas e altamente motivadas". E deu dois exemplos: a baixa flutuação e baixo absentismo nas fábricas da empres em Aveiro, Braga e Ovar. "A performance das nossas empresas está no topo dentro do grupo. Os trabalhadores são altamente qualificados", declarou o gestor.

11 - Paixão pelo carro eléctrico
Há cada vez mais portugueses a optarem pelos carros eléctricos. Os números do primeiro semestre são ilustrativos, com vendas de 950 destes veículos, uma subida de 80% face a 2015.

Estes números poderão sofrer um aumento, com a conclusão da rede de postos de carregamento, com o aumento da autonomia dos carros eléctricos e com a chegada ao mercado de modelos com preços acessíveis, como o Tesla Model 3.

12 – O amor dos portugueses pela Tesla

Mal se soube que a Tesla tinha sondado o Governo português sobre este investimento, os portugueses reagiram de forma positiva. Mais de 25 mil pessoas já aderiram ao grupo "Bring Tesla Gigafactory to Portugal". O grupo fervilha com sugestões, opiniões e vantagens para a marca de Elon Musk escolher Portugal


"Vamos mostrar como é que a Tesla vai ser bem recebida e como Portugal é o melhor local para a sua nova fábrica na Europa", pode-se ler na descrição deste grupo do Facebook que vai organizar um evento na próxima segunda-feira, às 18:30 horas, no auditório do ‘Leap Center’, nas Amoreiras, em Lisboa.

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