Os resultados reportados pela Jerónimo Martins agradaram a analistas e investidores. Enquanto as acções seguem a valorizar cerca de 3%, vários bancos de investimento melhoraram a sua avaliação para os títulos da empresa, em reacção aos números "fortes" apresentados pela retalhista portuguesa.

A companhia adiantou que terminou 2015 com um resultado líquido de 333 milhões de euros, com a Polónia a ser novamente o principal motor dos resultados. A Jerónimo Martins adiantou ainda que vai propor o pagamento de um novo dividendo com base nos resultados do ano passado. Depois de entregar 37,5 cêntimos no final de 2015, revela que vai propor aos accionistas a distribuição de mais 26,5 cêntimos por cada acção.

Estes números estão a sustentar a negociação das acções, com a empresa a valorizar 2,86% para 13,685 euros, depois de ter chegado a subir um máximo de 3,34%.

Perante números que considera "fortes", os analistas do BPI decidiram melhorar a sua avaliação para as acções da Jerónimo Martins de 15 euros para 15,60 euros, reiterando a sua recomendação de "comprar". A empresa reportou "um desempenho operacional forte liderado pela forte margem na Polónia", escrevem os analistas do BPI José Rito e Bruno Bessa, numa nota publicada esta manhã.

"Os resultados do quarto trimestre de 2015 confirmaram o momento positivo da empresa ao nível da rentabilidade da Biedronka, suportado sobretudo pelo sólido crescimento de vendas apresentado em 2015 (mais 8,3% a nível consolidado e mais 9,2% no caso da Biedronka)", diz o CaixaBI, num comentário onde realça "que se trata de um conjunto de resultados positivo".

O analista André Rodrigues realça ainda que "a actividade na Polónia continua ainda a beneficiar do impacto positivo, em matéria de rentabilidade, relacionado com o conjunto de alterações introduzidas na oferta da Biedronka (melhor mix de margem) o que permitiu à empresa encerrar o ano de 2015 com uma margem EBITDA de 7% face a 6,8% em 2014".

Já os analistas do Haitong, que também reviram em alta a sua avaliação para as acções da Jerónimo Martins, passando o preço-alvo de 13,10 para 14,80 euros, realçam a forte liquidez gerada pela empresa, que permitiu o pagamento de um dividendo adicional de 26,5 cêntimos por acção.

O Barclays foi outro dos bancos de investimento que alterou a sua avaliação para as acções da Jerónimo Martins após os resultados. O banco britânico subiu o seu preço-alvo para a empresa em 50 cêntimos para 11 euros, mas reiterou a recomendação de "underweight".

Numa nota a que o Negócios teve acesso, o banco de investimento reconhece os resultados "sólidos" reportados pela empresa, sobretudo na Polónia. Apesar da forte evolução das margens, os especialistas salientam o tom conservador nas perspectivas da companhia para este ano.

"Embora a Jerónimo Martins tenha reafirmado a sua confiança na força dos seus modelos ao aumentar o dividendo de 2015 em 8%, o grupo surpreendentemente não forneceu qualquer meta de margem de EBITDA para 2016 apesar do sólido desempenho do quarto trimestre, como fez no ano passado", realça o Barclays. Os analistas acreditam que esta decisão poderá sugerir que a visibilidade na Polónia "continua limitada".

Já em relação ao novo imposto sobre o retalho no país, o Barclays nota que ainda que se espere agora que a nova taxa seja mais negativa do que se pensava inicialmente, "a implementação vai pesar nas margens das retalhistas a curto prazo".

Nota: A notícia não dispensa a consulta da nota de "research" emitida pela casa de investimento, que poderá ser pedida junto da mesma. O Negócios alerta para a possibilidade de existirem conflitos de interesse nalguns bancos de investimento em relação à cotada analisada, como participações no seu capital. Para tomar decisões de investimento deverá consultar a nota de "research" na íntegra e informar-se junto do seu intermediário financeiro.