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Três tendências que deve seguir nas contas da Jerónimo Martins
A Jerónimo Martins apresenta esta quarta-feira, após o fecho do mercado, os seus resultados anuais. Saiba quais os principais aspectos a que deve dar atenção nas contas da retalhista portuguesa.
A Jerónimo Martins apresenta esta quarta-feira os resultados relativos a 2015. Mas, mais do que a evolução dos lucros, que deverão ter aumentado 11,7% no último ano, interessa perceber outros aspectos importantes nas contas da retalhista. Saiba quais os três factores a que os investidores devem estar atentos nas contas da empresa.
- 1. Evolução das margens
A evolução das margens operacionais é, na opinião dos especialistas, o principal ponto a seguir nas contas da Jerónimo Martins. A empresa adiantou que consolidou vendas líquidas de 13,27 mil milhões de euros em 2015, um crescimento de 8,3% face a 2014. A cadeia polaca Biedronka obteve 9,2 mil milhões de euros, mais 9,2% do que um ano antes, e a cadeia Pingo Doce vendeu 3,4 mil milhões de euros, mais 5,4%. Conhecidas as receitas, os especialistas destacam que é importante perceber sobretudo a evolução das margens operacionais na Polónia, onde a companhia mantém o principal motor de crescimento dos seus resultados.
"Os investidores estarão mais focados nas margens operacionais, nomeadamente na Polónia devido à sua importância em termos de resultados e de avaliação", destaca o analista da Haitong Filipe Rosa. O mesmo especialista acredita que, "na Polónia, os crescimentos numa base comparável devem acelerar e as margens deverão beneficiar de todas as melhorias introduzidas ao longo do último ano".
A equipa de "research" do BiG também coloca em foco "a evolução das margens de EBITDA em Portugal e especialmente na Polónia, para o qual (a empresa) tem um objectivo estabelecido". No seu plano estratégico para o período de 2015 a 2017, a Jerónimo Martins coloca como meta atingir uma margem de EBITDA acima de 6,5% no mercado polaco.
- 2. Pressão nos preços
Depois das margens, a evolução dos preços, sobretudo no segmento alimentar, é um dos principais factores a que os investidores deverão estar atentos nos resultados da Jerónimo Martins. "A evolução da inflação vai ser muito importante nos dois mercados, uma vez que tem impacto directo no crescimento e nas margens", explica o analista Filipe Rosa. As empresas do sector retalhista têm sido penalizadas nos últimos anos pela quebra dos preços e pela pressão em termos de concorrência.
"A deflação alimentar e a competitividade sectorial forte são factores a ter em conta", explica Eduardo Silva. "As campanhas de desconto a nível nacional para atrair os clientes afectam a margem", acrescenta o gestor da XTB. O mesmo especialista realça, porém, que "a deflação alimentar é compensada pela quebra nos custos de petróleo, pelo que não deverá comprometer os resultados limitando o impacto nas margens de produtos alimentares a preços mais baixos". Rui Bárbara, gestor do Banco Carregosa, sublinha que em Portugal, "devemos estar atentos à evolução do ambiente concorrencial".
A equipa de "research" do BiG nota que, a nível nacional, "os riscos que a empresa enfrenta são maioritariamente concorrenciais, com preocupação na evolução positiva de quota de mercado e evolução das vendas comparáveise margens EBITDA, assim como os riscos de deflação que ainda permanecem vigentes". A deflação no sector alimentar no mercado nacional e polaco tem vindo a diminuir nos últimos meses, mas os preços mantêm-se em níveis deprimidos.
- 3. "Outlook" para 2016
As perspectivas da empresa para a actividade são outros dos factores em foco. Os investidores deverão estar especialmente atentos às indicações deixadas pela Administração da companhia e para os planos de expansão da actividade. "A atenção poderá estar em eventuais comentários relativamente à evolução da actividade esperada para 2016 por parte da Jerónimo Martins", diz Albino Oliveira, da Patris Investimentos. Os analistas do BPI, numa nota publicada ontem, realçam que "a Jerónimo Martins tem sido mais cautelosa neste aspecto ['oulook'] e esperamos que esta abordagem seja mantida".
"Os investidores vão querer perceber se o plano de expansão da Biedronka na Polónia continua a apresentar resultados sólidos e possivelmente até uma aceleração à medida que ganha cada vez mais exposição no mercado local", aponta Eduardo Silve. Na Colômbia, apesar deste mercado ter pouco impacto nos resultados, "os investidores vão querer sondar o ritmo de crescimento do mercado sul-americano".
Igualmente importante será perceber se os comentários dos gestores fazem alguma menção em relação às alterações fiscais que estão a ser preparadas na Polónia e ao eventual impacto nos resultados da empresa. "Na Polónia vemos menos riscos ao nível fiscal mas só teremos total visibilidade quando o novo Governo aprovar a versão final do imposto sobre as vendas de retalho que está a ser preparado", remata o analista do Haitong. O Governo polaco deverá apresentar uma revisão ao imposto sobre o retalho nos próximos dias.