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Ryanair avança com despedimento de 100 pilotos e 200 tripulantes

A empresa irlandesa anunciou um plano de redução de pessoal na Irlanda alegando que a greve nos vários países europeus afectou a confiança dos consumidores, o que tem levado a uma redução no número de reservas. Greve esta quarta-feira já levou a cancelamento de 50% dos voos da transportadora.

25 de Julho de 2018 às 10:40
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A Ryanair anunciou a redução de 20% da sua frota em Dublin e enviou avisos a uma centena de pilotos e a cerca de 200 tripulantes de cabine com o aviso de que no próximo inverno não precisará dos seus serviços. A companhia revelou ainda que pretende concentrar as suas atenções na actividade que mantém na Polónia.

 

O anúncio surge na altura em que a Ryanair está a braços com nova greve dos tripulantes de cabine nos vários países da Europa em que opera, incluindo em Portugal, e que se prolongará entre hoje e amanhã. Por cá, cerca de 50% dos voos da transportadora irlandesa com partida e chegada aos aeroportos do continente foram cancelados devido à greve dos tripulantes de cabine, segundo dados do Sindicato do Pessoal de Voo da Aviação Civil às 9:00 de hoje citados pela Lusa.

 

"Neste momento temos cerca de 50% de voos cancelados nas três bases de Portugal continental [Faro, Lisboa e Porto] e neste momento em Ponta Delgada [Açores] temos a informação de que um voo irá realizar-se", disse à agência Lusa o sindicalista Bruno Fialho, do Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC). Até às 09:00 foram cancelados cinco voos em Faro, oito no Porto e três em Lisboa e havia já também três voos cancelados em Lisboa à tarde.

 

Empresa ameaça funcionários em Portugal

O sindicalista adiantou também à Lusa que na terça-feira, vários tripulantes de cabine portugueses receberam uma carta da empresa com ameaças. "Ontem [terça-feira] houve a pior das situações ilegais: Foi uma coação sobre os trabalhadores. Foi enviada uma carta ameaçando os mesmos de que se não fossem voar em dias de folga e que batiam nos dias da greve iriam ser despedidos. Isto em Portugal é crime e não sei o que o Governo português pretende fazer sobre todas as provas que já foram apresentadas da conduta que a Ryanair tem com os trabalhadores portugueses", adiantou.

 

O sindicalista destacou que a Autoridade para as Condições de Trabalho (ACT) tem feito um bom trabalho com os meios que tem. Por isso, acrescentou, "apelamos ao Governo que é quem tem todos os meios possíveis para solucionar e para terminar com estas situações de abuso, como nestes casos. Há uma ameaça de despedimento caso os trabalhadores façam greve e obriga os tripulantes a trabalhar em dias de folga".

A Ryanair tem estado envolvida, em Portugal, numa polémica desde a greve dos tripulantes de cabine de bases portuguesas por ter recorrido a trabalhadores de outras bases para minimizar o impacto da paralisação, que durou três dias, no início de Abril.

 

O Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil tem denunciado, desde o início da paralisação, que a Ryanair substitui ilegalmente grevistas portugueses, recorrendo a trabalhadores de outras bases. A empresa admitiu ter recorrido a voluntários e a tripulação estrangeira durante a greve.

 

Por essa razão, a Autoridade para as Condições de Trabalho (ACT) tem, "desde a semana passada, vindo a acompanhar esta situação e a desenvolver todos os passos necessários para identificar situações que possam, eventualmente, ferir a legalidade do nosso quadro constitucional do direito à greve", acrescentou.

 

No domingo, a ACT anunciou ter desencadeado uma inspecção na Ryanair em Portugal para avaliar as irregularidades apontadas pelo SNPVAC.

 

A decisão de partir para a greve foi tomada a 5 de Julho numa reunião, em Bruxelas, entre vários sindicatos europeus para exigirem que a companhia de baixo custo aplique as leis nacionais laborais e não as do seu país de origem, a Irlanda.

 

Com a greve, os trabalhadores querem exigir que a transportadora irlandesa aplique a legislação nacional, nomeadamente em termos de gozo da licença de parentalidade, garantia de ordenado mínimo e que retire processos disciplinares por motivo de baixas médicas ou vendas a bordo dos aviões abaixo das metas definidas pela empresa.

 

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