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Ryanair rejeita dar explicações aos deputados portugueses sobre problemas laborais

A companhia aérea invocou na resposta ao Parlamento que "não tem ninguém do departamento de Recursos Humanos disponível para estar presente". Os pilotos exigem "dureza e firmeza" aos políticos portugueses.

A administração liderada por Michael O’Leary deu resposta negativa à convocatória da Assembleia da República. Miguel Baltazar
António Larguesa alarguesa@negocios.pt 03 de Setembro de 2018 às 12:47

A Ryanair decidiu não prestar esclarecimentos na Assembleia da República sobre os problemas laborais na transportadora aérea de baixo custo, que atravessa um prolongado conflito que envolve também os pilotos e os assistentes de bordo portugueses.

 

"A administração da Ryanair apresentou uma desculpa bizarra para não estar presente. Alega que, como estão em processo de negociação com vários sindicatos de pilotos nalguns países da Europa, não têm ninguém do departamento de Recursos Humanos disponível para estar presente", resume o deputado, Heitor de Sousa.

 

Citado pelo Dinheiro Vivo, o parlamentar do Bloco de Esquerda lamenta a resposta por carta dada pela companhia irlandesa, até porque tinha sido solicitada "a presença de representantes do conselho de administração da Ryanair em Portugal, e não do departamento de Recursos Humanos". Os bloquistas querem obrigar a companhia e as agências de recrutamento Crewlink e Workforce Internacional a "aplicar a legislação portuguesa às relações laborais com os seus trabalhadores".


É uma falta de respeito. (…) Aguardamos que os deputados da nação tenham dureza e firmeza nesta questão. Bruno Fialho, dirigente do Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil

 

As audições parlamentares na Comissão de Economia, Inovação e Obras Públicas arrancam esta quarta-feira, 5 de Setembro, com a presença dos representantes do Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC). Na lista estão também a Autoridade para as Condições de Trabalho (ACT), a ANA Aeroportos ou a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC).


"Aguardamos que os deputados da nação tenham dureza e firmeza nesta questão e que a Ryanair seja obrigada a actuar de acordo com a legislação laboral e a Constituição do nosso país", sublinhou à mesma publicação o dirigente sindical do SNPVAC, Bruno Fialho, apontando a resposta da administração liderada por Michael O’Leary como uma "falta de respeito" pelas autoridades portuguesas.

 

Carta aos accionistas antes da greve em Setembro

 

O sindicato português foi um dos sete da aviação civil a nível europeu que, em Agosto, enviaram uma carta aos accionistas da Ryanair em que criticam os executivos da companhia por "[continuarem] a utilizar o ‘bullying’ como ferramenta de gestão, que pune os trabalhadores por estarem doentes, que emite cartas intimidatórias aos que exerceram o seu direito à greve, que ameaça com reduções de postos de trabalho nos países afectados e que insiste em perpetuar um modelo de negócio que todos nós consideramos obsoleto".

 

Depois da greve de nove dias no mês de Julho, que pode obrigar a Ryanair a pagar 33 milhões de euros de compensações aos 120 mil passageiros afectados, uma nova paralisação dos tripulantes e pilotos está em cima da mesa dos representantes dos trabalhadores na Alemanha, Bélgica, Espanha, Holanda, Irlanda, Itália e Portugal, devendo ser convocada ainda durante o mês de Setembro.

No final de Julho, na sequência desses protestos por parte dos trabalhadores, a Ryanair anunciou que iria avançar com um plano de redução de pessoal, envolvendo o despedimento de 100 pilotos e 200 tripulantes. A empresa alegou que a greve nos vários países europeus afectou a confiança dos consumidores, o que tem levado a uma redução no número de reservas.
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