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Embaixador brasileiro em Portugal: "Faço votos para que uma empresa brasileira possa vencer o concurso da TAP"
Mário Vilalva aponta que uma das vantagens de uma transportadora brasileira ficar com a TAP seria manter o "hub" em Lisboa. Diplomata deseja que a "América Latina continue a ser servida pela TAP" no futuro.
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A privatização da TAP pode ser um negócio interessante para as empresas de aviação brasileiras. Esta é a convicção do embaixador brasileiro em Portugal que não tem "sombra de dúvida" que as transportadoras brasileiras vão estudar este negócio.
"A TAP poderá, e deverá, ser uma hipótese para o Brasil", disse Mário Vilalva (na foto) à margem de um encontro da Câmara do Comércio e Indústria Luso Brasileira (CCILB) esta quarta-feira, 26 de Novembro. "Eu faço votos que uma empresa brasileira possa vencer o concurso da TAP", declarou.
A compra da companhia aérea portuguesa por uma brasileira irá manter a TAP no eixo de influência lusófono, considera o diplomata. "Nós temos todo o interesse de que o hub permaneça em Lisboa, que esse eixo estratégico continue a falar português, e não outra língua".
Mário Vilalva revelou também desejar que a "América Latina, especialmente o Brasil, continue a ser servida pela TAP que hoje canaliza grande parte dos passageiros europeus para o Brasil".
Foi este mês que o Governo relançou o processo de privatização da TAP. Há dois anos, o processo inicial terminou sem a conclusão da privatização, após o Governo rejeitar a única proposta, do colombiano German Efromovich, por não reunir as condições financeiras necessárias.
No novo processo, o Governo de Passos Coelho pretende alienar 66% do capital. Desta fatia, 61% será alienado através de venda directa a um ou mais investidores de referência, com 5% a ficarem reservados aos trabalhadores do grupo TAP. O Estado português fica com uma opção de venda de 34% que pode vir a ser exercida dois anos após a conclusão do negócio.
Actualmente existem três potenciais interessados na compra da TAP, com um deles a ser uma companhia brasileira. Os empresários Pais do Amaral e Frank Lorenzo, a espanhola Air Europa e a transportadora brasileira Azul, controlada pelo norte-americano David Neelman. Neste segundo processo já não deverá participar o empresário German Efromovich, dono da Avianca.
A TAM é a maior companhia áerea brasileira, com a Gol (que comprou a Varig) na segunda posição. A Azul surge como terceira maior companhia aérea em termos de passageiros transportados.
Sobre a entrada de empresas brasileiras em Portugal, o embaixador acredita que no médio prazo poderão haver novos investimentos. "Eu acredito que sim. Temos aos poucos algumas empresas brasileiras que estão a investir aqui."
O diplomata admite que "talvez o ritmo não seja aquilo que nós, que estamos a viver em Portugal, gostaríamos de ver, um ritmo mais acelerado, com mais empresas", mas as empresas "estão a chegar aos poucos".
"Algumas participaram nos processos de privatização, e o mercado continua muito atraente não só pelo que representa em si, mas em termos de ponte para o resto do mercado europeu", afirmou.
Existem vários exemplos de empresas brasileiras a investir em Portugal. A PT Portugal é actualmente detida pela Oi, enquanto a Camargo Corrêa é dona da cimenteira Cimpor. Já a construtora Embraer tem duas fábricas em Évora onde produz componentes para vários modelos de aviões.