Apesar do actual abrandamento, a economia brasileira está de boa saúde e vai continuar a crescer, defende o embaixador brasileiro em Portugal. Para Mário Vilalva, Brasília vive uma crise passageira e vai dar a volta por cima.

"Embora o crescimento tenha perdido força em 2014, a economia brasileira continua nitidamente a crescer", disse o diplomata esta quarta-feira, 26 de Novembro, num encontro da Câmara do Comércio e Indústria Luso Brasileira (CCILB).

"O problema é conjuntural, não é estrutural", considera, apontando as despesas com o Mundial de Futebol como um dos principais motivos para a desaceleração.

Também a crise internacional pesou no desempenho do PIB brasileiro, ao ter um "efeito muito claro sobre a balança comercial. Nos mercados externos, houve uma retracção muito grande dos nossos principais clientes, como na Europa por exemplo. Se o Brasil exporta menos significa que há menos investimento na indústria".

Durante o seu discurso, Mário Vilalva deu a "receita necessária para colocar a economia brasileira sobre os trilhos de um crescimento sustentável: um rigoroso ajuste fiscal com diminuição da despesa, controlo da inflação e aumento da competitividade exportadora".

"A economia brasileira continua bastante sólida e está alavancada obviamente num imenso mercado interno, com imensos recursos naturais. Tudo isso ajuda à imensa solidez da economia brasileira. Com poucas correcções, bem feitas, é possível colocar o país no trilho", defende.

Mário Vilalva foi hoje agraciado com o prémio Dário Castro Alves pela CCILB, atribuído a personalidades que se tenham destacado por iniciativas desenvolvidas em prol da valorização e integração da comunidade brasileira em Portugal.

O embaixador também analisou a reeleição de Dilma Rousseff. "A mensagem dos eleitores brasileiros foi muito clara. A população pediu mudança, mas com confiança no actual Governo".

Depois da sua reeleição no final de Outubro, onde bateu o candidato Aécio Neves na segunda volta, a presidente brasileira está actualmente a preparar o seu novo Executivo para o segundo mandato para iniciar funções no Palácio do Planalto no início de 2015.

"O Governo brasileiro compreendeu perfeitamente bem a mensagem das urnas", considera Mário Vilvalva, que acredita que a presidente Dilma Rousseff está a proceder às mudanças desejadas pelos eleitores a "começar pela nomeação de uma nova equipa económica, que deverá ser anunciada a qualquer momento".

O diplomata também defendeu a necessidade do Brasil efectuar uma reforma política, como defendida pela actual presidente, assim como proceder a uma reforma fiscal que "é do século XIX, precisamos criar um sistema mais simples. O actual está envelhecido, é oneroso, de difícil administração".