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Boeing está em risco de perder 55 mil milhões de dólares em encomendas
Várias companhias aéreas estão a ponderar cancelar encomendas do 737 Max, depois do segundo acidente fatal com os novos modelos da Boeing em menos de cinco meses.
O acidente de domingo, na Etiópia, com um Boeing 737 Max, está a penalizar a reputação e a confiança na fabricante norte-americana, já lhe "custou" quase 30 mil milhões de dólares em valor de mercado e arrisca-se a atingir diretamente a sua carteira de encomendas em cerca de 55 mil milhões de dólares.
É este o valor total das encomendas que as companhias áreas estão a ponderar cancelar, devido às dúvidas em torno da segurança dos modelos 737 Max levantadas por dois acidentes fatais, em cinco meses, com estas aeronaves.
De acordo com a Bloomberg, a VietJet Aviation, que no mês passado duplicou a sua encomenda para 200 aeronaves, no valor de 25 mil milhões de dólares, já adiantou que está à espera das conclusões da investigação do acidente para decidir se mantém a sua encomenda.
A Kenya Airways está a rever as propostas para comprar o Max e poderá mudar para o rival A320, da Airbus, enquanto a Flyadeal – uma unidade da Saudi Arabian Airlines – poderá cancelar um contrato de quase 6 mil milhões de dólares, depois de ter decidido, em dezembro, trocar a Airbus pela Boeing e fazer uma encomenda de 50 aeronaves 737 Max.
Já a indonésia Lion Air prepara-se para cancelar uma encomenda do 737, de 22 mil milhões de dólares, e optar pelo concorrente, da Airbus, de acordo com fontes citadas pela agência noticiosa. Esta possibilidade já estava em cima da mesa desde o acidente fatal de há cinco meses, e só foi reforçada pelo desastre de domingo.
Isto porque era precisamente da Lion Air a aeronave que se despenhou no passado dia 29 de outubro, prejudicando as relações entre a companhia aérea e a Boeing, depois de a fabricante ter apontado como causa problemas de manutenção e erro humano, apesar de os pilotos terem "lutado" contra um sistema computadorizado que assumiu o controlo do avião.
A queda do avião da Ethiopian Airlines no domingo, que vitimou 157 pessoas, tem semelhanças com a tragédia ocorrida com o avião da companhia indonésia, alimentando os receios de que as ferramentas destinadas a tornar a versão atualizada do Max mais segura do que as anteriores, tenham, na verdade, dificultado a sua operação.
O 737, que entrou ao serviço no final da década de 1960, é o modelo mais vendido do setor da aviação e o principal trunfo da Boeing. A versão Max atualizada acumulou mais de 5.000 pedidos no valor de mais de 600 mil milhões de dólares.