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Altice e Prisa matam negócio antes do apito final

A Altice e a Prisa não vão esperar pela decisão da Autoridade da Concorrência para anunciar o fim do negócio que iria juntar o operador de telecomunicações líder e a estação de televisão com mais audiências.

Miguel Baltazar
17 de Junho de 2018 às 20:28
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Não vai chegar a fazer um ano a operação de compra da Media Capital pela Altice Portugal. Esteve quase esse tempo a ser analisada pela Autoridade da Concorrência e mesmo antes do apito final - de chumbo - o processo vai ser dado como morto, apurou o Negócios. Uma informação que entretanto foi confirmada pela Prisa em comunicado enviado para a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). 

Mesmo antes do final da análise por parte da Concorrência, a Altice e a Prisa decidiram pôr fim ao processo. Até ao final de sexta-feira ainda não tinha chegado à Concorrência o pedido para a notificação ser retirada, mas se entrar esta segunda-feira ainda chegará antes do conselho deste supervisor decidir o projecto de decisão que seria de chumbo, previsto aliás, como avançou o Negócios, para esta semana.


A queda do negócio na Concorrência deitará abaixo a oferta pública de aquisição lançada sobre a Media Capital, cujo preço estava a ser apurado por um auditor independente a pedido da Comissão Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). Não foi possível apurar como se desenrolarão na prática os próximos passos, já que o oferente só poderá retirar a oferta se uma das condições de lançamento não se verificar. Neste caso seria o chumbo pela Autoridade da Concorrência.

Cai por terra um negócio que em Julho do ano passado tinha sido anunciado por 440 milhões de euros. A Altice, apesar de estar a braços com uma dívida elevada a nível internacional que obrigou a um programa de venda de activos, manteve sempre a afirmação de que o negócio era, apesar disso, para se fazer. Mas não se faz.


O prazo inicialmente fixado - 13 de Abril - entre a Prisa e a Altice foi prorrogado para 15 de Junho. E na iminência do chumbo por parte da Autoridade da Concorrência, já não houve nova extensão do prazo. Mesmo antes deste limite temporal já a Altice tinha decidido que o negócio não avançaria, já que depois de ter feito uma proposta com oito compromissos que a Concorrência não viu como suficientes a empresa não a reformulou, o que era já uma indicação de que a operação era para cair.


Alexandre Fonseca, presidente da Altice Portugal, já tinha, no Parlamento, estabelecido duas linhas vermelhas para o negócio: o nível de remédios e o tempo de análise.

A Altice e a Prisa vão assim dar o assunto como encerrado, não esperando pela decisão final da Autoridade da Concorrência, o que acontece precisamente numa altura em que do outro lado do Atlântico um juiz autorizou a compra da Time Warner pela operadora AT&T.


A Altice não quis fazer comentários. Também a Prisa recusou fazer "de momento" comentários e não revelou as alternativas que agora irá empreender, sabendo-se que a venda da Media Capital iria contribuir para reduzir o seu nível de dívida. O El Confidencial, no fim-de-semana, escrevia que a Prisa não descarta tentar de novo a venda da Media Capital, que, aliás, já está, nas contas da empresa espanhola, como operação descontinuada.

E no mercado nacional começa, também, a falar-se de outras possibilidades de "ataque" da Altice aos grupos de media em Portugal que poderiam suscitar menos dúvidas concorrenciais. No processo que iria receber luz vermelha da Concorrência, a Altice pretendia comprar o canal líder em sinal aberto da televisão portuguesa, que, além disso, tem presença em rádios, internet e que detém a produtora Plural.

(Notícia actualizada às 07:49 de dia 18 de Junho, com a confirmação da informação)

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