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Vodafone acredita que negócio Altice/Média Capital acabou ainda antes da rejeição da AdC

O presidente da Vodafone considerou hoje que a compra do grupo Media Capital pela Altice "já acabou há muito tempo", ainda antes da rejeição dos compromissos pela Autoridade da Concorrência (AdC), e vê "dificuldade" na concretização do negócio.

No contexto internacional há riscos políticos a fervilhar um pouco por todos os continentes, enquanto no panorama nacional persistem constrangimentos estruturais que requerem a continuação do processo de reformas para abrir caminho a um crescimento mais sustentado da economia. Advinham-se também oportunidades promissoras que Portugal tem que saber aproveitar plenamente, como o digital. O sector das TIC assume um papel determinante na quarta revolução industrial, na qual a inovação e o empreendedorismo são, simultaneamente, desafios e oportunidades. O Governo, a Administração Pública e o tecido empresarial nacional terão que aprofundar a mudança para o digital, um imperativo para garantir a sobrevivência num mundo cada vez mais global. Do outro lado do barómetro, a estabilidade e a imprevisibilidade fiscal permanecem como riscos com que os agentes económicos se confrontam em Portugal, seja pela revisão das taxas em vigor ou pela aplicação de novos impostos.
Lusa 06 de Junho de 2018 às 13:20

"A nossa posição é que o negócio já acabou há muito tempo, acabou com a decisão da ERC [Entidade Reguladora para a Comunicação Social]. Essa é a nossa posição e, por isso, interpusemos a acção principal e a providência cautelar", afirmou Mário Vaz, que falava aos jornalistas na sede da Vodafone, em Lisboa, na apresentação de um centro de inovação que irá desenvolver a rede 5G.

 

Insistindo que o negócio "já acabou porque a decisão da ERC foi mandatória e foi vinculativa", o responsável admitiu, contudo, que isso "não quer dizer que não haja outras leituras", desde logo da AdC, que seguiu com o processo após a deliberação daquele regulador.

 

"Se a Altice mantiver a sua posição, vejo com dificuldade possa seguir para a frente, mas a questão tem de ser colocada a quem está a querer fazer o negócio, que pelos vistos também terá perdido alguma vontade quando disse que não tinha abertura para novos remédios", acrescentou Mário Vaz.

 

Ainda assim, adiantou que "nada como esperar pelos 'timings' [tempos] correctos e pelas decisões finais".

 

Quase um ano depois da proposta de compra feita pela Altice sobre a Media Capital, a operação que envolve a dona da TVI parece mais longe de se concretizar após rejeição dos compromissos pela AdC.

 

No final de Maio, a AdC anunciou que tinha rejeitado os compromissos apresentados pela Altice para a compra da Media Capital por entender que "não protegem os interesses dos consumidores, nem garantem a concorrência no mercado".

 

Sobre este anúncio, Mário Vaz disse que "a posição da AdC está em linha com aquilo que era a leitura da Vodafone relativamente aos pretensos remédios da Altice".

 

"Estranho seria que uma autoridade da concorrência considerasse aqueles como remédios e foi neste contexto que decidiu", salientou.

 

Reagindo ao anúncio, em 29 de maio, a Altice Portugal manifestou discordância perante a posição do regulador, afirmando não estar disponível "para apresentar quaisquer outros" compromissos.

 

Já na semana anterior, no parlamento, o presidente executivo da Altice Portugal, Alexandre Fonseca, afirmou que há um "limite de razoabilidade" no processo de compra da dona da TVI, mas manifestou-se "convicto de que o negócio vai ser concluído".

 

A Altice, que comprou em Junho de 2015 a PT Portugal por cerca de sete mil milhões de euros, anunciou em Julho passado que tinha chegado a acordo com a espanhola Prisa para a compra da Media Capital, dona da TVI, entre outros meios, por 440 milhões de euros.

 

Em 15 de Fevereiro deste ano, a AdC abriu uma investigação aprofundada à compra da Media Capital por considerar existirem "fortes indícios" de que a operação poderá resultar em "entraves significativos à concorrência".

 

Antes, em Outubro passado, a ERC, na altura liderada por Carlos Magno, não chegou a consenso sobre o negócio, apesar de os serviços técnicos da entidade terem dado parecer negativo ao negócio.

 

Com o 'não parecer" da ERC, que seria vinculativo para o negócio - a falta de consenso gerou fortes críticas ao presidente da altura -, o processo passou para a alçada da AdC.

 

A Autoridade Nacional de Comunicações (Anacom), por sua vez, considerou, em Setembro passado, que a compra da dona da TVI não deveria ter lugar "nos termos em que foi proposta", devido aos entraves à concorrência.

 

Com a rejeição dos compromissos apresentados depois pela Altice, o negócio parece mais longe de ser concretizado, aguardando-se agora o parecer da AdC sobre o assunto.

 

Mário Vaz informou ainda que a acção principal e a providência cautelar interpostas pela Vodafone estão "a correr as suas fases processuais".

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