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Foi preciso estar fechado numa quinta durante um ano para a "Guerra das Estrelas" renascer

Os génios criativos responsáveis pela "Guerra das Estrelas", "Toy Story" ou "Parque Jurássico" passaram por Tróia durante o festival Trojan Horse was a Unicorn.

24 de Setembro de 2016 às 14:30
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Foi em meados da década de noventa que George Lucas convidou Doug Chiang para preparar o regresso da "Guerra das Estrelas". Chiang tinha estado a trabalhar em "Exterminador Implacável 2" quando recebeu o convite do mítico realizador. 

"Estivemos fechados durante um ano no Skywalker Ranch", relembra o artista digital num discurso durante o festival Trojan Horse was a Unicorn, que teve lugar em Tróia de 19 a 24 de Setembro.

Chiang refere-se à quinta de George Lucas na Califórnia, local de trabalho do realizador, e onde em conjunto com outra artista estiveram a idealizar o lançamento da prequela da "Guerra das Estrelas" no final dos anos 90.

Esta foi uma das histórias que o artista digital contou perante 650 pessoas no auditório principal do THU durante um dos seus dois discursos no festival.

Durante uma semana em Tróia desfilaram grandes nomes do mundo do cinema de animação de Hollywood, onde passaram em revisão a sua carreira e deram aulas práticas de desenho.

Um deles é Ralph Eggleston, responsável criativo da Pixar. Pelas suas mãos passaram alguns dos grandes êxitos do estúdio como "À procura de Nemo", "Monstros e companhia" ou "Toy Story".

Durante o Trojan Horse fez um discurso onde passou em revisão a sua carreira e onde deixou um conselho aos mais novos. "Desenhem, desenhem e desenhem".


Acredita que a arte de saber contar uma história é o que leva as pessoas ao cinema para verem um filme de animação. "Gostava de ver nos cinemas mais filmes originais, mais histórias originais. E o que eu não gostaria de ver são histórias que não se ligam com uma audiência a um nível emocional. E que são só tecnologia e efeitos visuais. Isso não me interessa".

É por isso que elege um dos clássicos do cinema de animação como o seu preferido. "O meu filme favorito de sempre é o "Dumbo". É muito simples, mas é só emoção do princípio ao fim. E é isso o que a audiência quer".

Mark "Crash" McCreery também voou de Hollywood. Foi ele um dos responsáveis criativos do "Parque Jurássico". Já tinha sido convidado antes para ir discursar em Tróia, mas só aceitou este ano. O convite partiu de Scott Ross, embaixador do THU em Hollywood, e um dos responsáveis por "Titanic" ou "Apollo 13".

Gosta do ambiente que se vive no festival, e diz que foi melhor recebido aqui do que noutros eventos semelhantes. "O ambiente no THU é muito bom. Eu já estive em eventos onde entras numa sala e tens que provar algo à audiência, tens que validar a tua carreira, tens que defendê-la", começa por dizer.

"E aqui no THU as pessoas aceitam-te. E apreciam o que fizeste: tanto os sucessos como os erros", explica o artista, que ganhou a alcunha de "Crash" quando adormeceu a conduzir a carrinha da sua banda punk nos anos 80.


Compara o ambiente que se vive no Trojan Horse com o ambiente competitivo de Hollywood. "Em Los Angeles, as pessoas avaliam muito as outras e acabas por te habituar. Quando chegas aqui vens muito defensivo, mas depois libertas-te".

Mas o Trojan Horse não vive só dos nomes de Hollywood e também conta com a prata da casa. É o caso de José Alves da Silva, que faz escultura digital como freelancer para a Marvel e a DC Comics a partir de Portugal.


Já tinha feito um discurso numa edição anterior do Trojan Horse e voltou este ano a Tróia para dar uma aula técnica. Aos jovens que estão a começar agora deixa um conselho: menos tecnologia e mais arte.

"Penso que quando as pessoas estão a começar focam-se muito em aprender a ferramenta, o software A, B ou C", afirma. "Mas o que é realmente mais contribui para a qualidade de um artista são os fundamentos de arte. É muito mais importante estudar anatomia, silhueta, forma, cor, equilíbrio de cor ou composição. Isto vai durar a vida toda. Depois sim, aprendam as ferramentas".

Também presente no festival esteve David Lee Strasberg, que dirige uma escola de actores, "The Lee Strasberg Theatre & Film Institute". David carrega o legado do seu pai, Lee Strasberg, que é o pai do "método", uma técnica de interpretação para criar personagens com emoções mais reais. Entre os alunos de Lee Strasberg conta-se Al Pacino, Dustin Hoffman, Jack Nicholson, Marilyn Monroe ou Paul Newman.

Em Tróia, David Lee Strasberg deu uma aula sobre como podem os artistas de animação criar personagens com vida e como dar-lhes uma personalidade.

"Quando estão a criar uma personagem passem-lhe alguma da vossa personalidade", disse perante uma plateia de jovens artistas no Trojan Horse.

Explicou que uma das ideias passa por passar para a personagem os traços de personalidade de que os artistas mais gostam em si, mas também os traços de que menos gostam. Basicamente, transformar fraquezas em traços únicos de uma personagem.

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