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Produtor de Hollywood quer fazer filmes em Portugal

Scott Ross tem um projecto de 100 milhões de dólares para criar de raiz um estúdio de animação em Portugal: o Playground. Produtor de filmes como “Titanic” ou “Apollo 13”, tem um plano para criar no país a “Pixar do século XXI” e já apresentou o projecto ao Governo.

02 de Fevereiro de 2017 às 22:00
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Criar em Portugal um estúdio de animação como a Disney ou a Pixar. Mas será possível transformar Lisboa ou Porto numa nova Hollywood?
Um dos produtores do Titanic acredita que sim. O seu objectivo é criar o Playground , para produção de filmes de animação, séries de animação, efeitos visuais e videojogos. "A ambição é transformar o Playground na Pixar do século XXI", revela Scott Ross ao Negócios, via telefone desde Los Angeles.

Para este projecto nascer e crescer são precisos 100 milhões de dólares ( 92,5 milhões de euros), sendo este um "estúdio de relativamente baixo custo", quando comparado com os maiores. Com o objectivo de obter apoios, o Playground já se reuniu com o Ministério da Economia, através do secretário de Estado da Inovação, João Vasconcelos. O projecto também já foi apresentado às autarquias de Lisboa e do Porto.

Mas faz sentido pedir apoio público para um projecto privado? Scott Ross defende que sim. E conta que se inspirou nos apoios públicos dados à produção de filmes noutros países europeus. "Um dos problemas é que os benefícios vão todos para os estúdios de cinema", explica. "Portanto, temos uma gigantesca multinacional norte-americana que faz filmes noutros países, onde os contribuintes desses países estão a pagar a um estúdio que lucra muitos milhões de dólares".

O Playground quer ser diferente destes modelos, gerando retorno para a entidade que investir. "Quem investe no estúdio, passa a detê-lo parcialmente e ganha de volta quando houver um sucesso".

Desta forma, evita-se a repetição do sucedido no Reino Unido e Nova Zelândia em filmes como "Guerra das Estrelas" e "Avatar", que não geraram retorno para os governos que os apoiaram, apesar do sucesso na bilheteira. "O ‘Avatar’ rendeu dois mil milhões de dólares e a Nova Zelândia não ganhou nada: isto é caridade empresarial".

Scott Ross explica para que são precisos 100 milhões de dólares para concretizar o projecto, que já foi apresentado em Itália e na Irlanda. Para arrancar são precisos 10 milhões de dólares para infra-estruturas e contratação de pessoal, mas a maioria do dinheiro será usada para "adquirir propriedade intelectual". "Imagina que queremos fazer um filme de animação que misturasse os livros ‘Quinta dos Animais’ e ‘1984’. Teríamos de adquirir a licença a quem detém os direitos do George Orwell. Isto custa dinheiro, é a parte mais cara".

Um ano mais tarde, com a base já erguida, o Playground vai precisar de começar a receber 90 milhões de dólares para crescer. "O primeiro passo será construir uma equipa; o segundo será decidir que projectos queremos; o terceiro é adquirir um projecto, o quarto é escrever guiões e histórias; o quinto é fazer a arte [desenhar]; o sexto é contratar o realizador e o pessoal; o sétimo, que é muito caro, temos que produzir o projecto: filmar, fazer a animação e a pós-produção". Em termos de postos de trabalho, a equipa inicial terá entre 15 e 20 pessoas, com o número a subir para "centenas" durante a produção.

Mas porquê Portugal? Scott Ross veio há cinco anos à primeira edição do Trojan Horse was a Unicorn (THU), o festival de artes digitais em Tróia. Convidado pelo fundador do THU, André Lourenço, tornou-se depois o seu embaixador em Hollywood. Agora os papéis invertem-se:  André Lourenço tornou-se no embaixador do Playground em Portugal.
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