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Fazer filmes em Hollywood? Três dicas do português da Disney

Kevin Lima herdou a veia artística da sua avó portuguesa. Insatisfeito com o seu trabalho, despediu-se da Disney porque não o deixavam realizar filmes. Mais tarde, regressou pela porta grande para realizar "Tarzan". No Trojan Horse deu dicas aos mais novos para ter sucesso em Hollywood.

25 de Setembro de 2016 às 11:50
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Aos cinco anos disse à mãe que queria fazer filmes de animação depois de ver um filme da Disney no cinema. Por essa altura, começou a brincar com as marionetas que a avó lhe fez e tornou-se marionetista à séria uns anos depois.

Entrou no mundo do cinema de animação a desenhar personagens, mas depois de muito batalhar Kevin Lima começou a realizar filmes, a sua grande paixão. "Quando tinha cinco anos fui ver o "Livro da Selva" ao cinema, em 1967! E a minha mãe conta-me que eu virei-me para ela e disse-lhe: ‘é isto que eu vou fazer quando crescer’. E foi mesmo o que aconteceu", conta Kevin Lima ao Negócios.

No Trojan Horse was a Unicorn, que decorreu de 19 a 24 de Setembro em Tróia, o realizador deu uma conferência sobre a sua carreira e onde tentou transmitir algumas mensagens aos mais jovens.

"Para chegar onde cheguei foram precisas três coisas. Primeiro, ter ambição. Depois, pedir o que eu queria. Em cada momento da minha carreira, eu pedia o que queria para dar o próximo passo na carreira", diz ao Negócios com o rio Sado como cenário de fundo.

"Por último, é preciso ter a sorte necessária para pedir à pessoa certa. E eu tive que pedir a muitas pessoas até encontrar a certa. Mas depois de dizerem-me que sim, eu tinha que ter as competências necessárias para fazer o trabalho", afirmou.


Aos jovens que aspiram a serem realizadores dá um conselho simples: "Façam filmes. Ninguém te vai bater a porta se não tiveres trabalho para mostrar. E hoje em dia é fácil de criar".

Dá por isso o seu exemplo, quando se despediu quando já tinha um emprego seguro. No início dos anos noventa estava a trabalhar no "Aladino" e decidiu que tinha chegado o momento de realizar filmes. "Fui ter com os chefes da Disney a dizer que queria ser realizador, mas eles rejeitaram pois já tinham nomes para todos os filmes futuros. Então eu deixei a Disney à procura de oportunidades e comecei a realizar".

Quando chega o momento de eleger o seu filme favorito entre que realizou não tem dúvidas."Foi o ‘Tarzan’. Tive de usar tudo o que sabia de animação na altura para fazer um trabalho que me tocou de forma pessoal. O meu pai deixou-nos quando eu tinha 12 anos e não o vi durante 25 anos. Há aqui um paralelo com a história do Tarzan de encontrar uma nova família, de construir um novo mundo para si. Isto tocou-me pessoalmente", revela.

E foi durante as filmagens de Tarzan, que a actriz Glenn Close o aconselhou a realizar filmes com actores reais ("live action").

"Ela disse-me que eu trabalhava mais como realizador de "live action" e não como um realizador de animação. E perguntou-me se eu queria ser realizador de "live action". Eu pensei que se a Glenn Close tinha essa ideia, então eu podia fazer isto acontecer".

E aconteceu mesmo. Mais tarde, a Disney ficou sem o realizador para a sequela dos "102 Dálmatas" e a actriz oscarizada lembrou-se de Kevin Lima para dirigir o filme.

Agora está a iniciar um novo passo na sua vida e começou a trabalhar num novo filme com a sua mulher, a também realizadora Brenda Chapman, responsável pelo "Princípe do Egipto" e "Brave".

"A indústria está a mudar dramaticamente. E é muito difícil fazer os filmes de que eu e a Brenda gostamos no sistema dos estúdios. Escrevemos um argumento juntos, foi a primeira vez que trabalhamos em conjunto em 28 anos de casamento".

Kevin Lima conta que este é um "filme hibrido, meio animação, meio "live action"", e que agora procuram financiamento.

As raízes portuguesas 


Sempre presente na sua vida estão as memórias da sua avó portuguesa da Guarda. "Ela foi uma grande influência na minha vida. Eu fui marionetista quando era mais novo e ela como fez-me vários marionetas".


Cresceu no meio de uma "grande comunidade portuguesa" na cidade de Pawtucket, no estado de Rhode Island. A maioria destes portugueses trabalhavam na indústria têxtil, tal como a sua avó que era costureira e que revelava a sua faceta artística nos tempos livre. "Descobri mais tarde que ela era uma artista nas horas vagas, dava espectáculos nos clubes portugueses", conta entre sorrisos, aludindo à veia artística que corre no sangue da família.

Avisa, no entanto, que o seu conhecimento da língua de Camões é limitado. "Eu não falo português, mas lembro-me de várias ordens que a minha avó me dava: ‘Senta-te aqui’. ‘Vai para casa’. ‘Cala a boca’. [Risos]

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