Notícia
Montenegro é candidato a primeiro-ministro mesmo que seja constituído arguido
Numa espécie de ensaio geral na véspera da discussão e votação da moção de confiança ao Governo, o primeiro-ministro e o líder do maior partido da oposição deram entrevistas nas televisões. Luís Montenegro falou na TVI enquanto Pedro Nuno Santos foi entrevistado na SIC.
Montenegro é candidato a primeiro-ministro mesmo que seja constituído arguido
O primeiro-ministro garantiu esta segunda-feira que será candidato a primeiro-ministro mesmo que seja constituído arguido e assegura que os ministros tinham conhecimento das ligações anteriores a várias empresas.
Em entrevista à TVI/CNN disse "avanço com certeza", quando questionado se seria candidato a primeiro-ministro nessa circunstância. "No momento em que tiver consciência em que devo cessar funções não preciso de ninguém que me aponte a porta. Não violei a lei", frisou, garantindo que "não tem razão para se demitir" neste momento.
Nesta entrevista, garantiu ainda que os ministros sabiam das ligações a várias empresas. "Absolutamente", respondeu Luís Montenegro quando questionado se o Governo tinha conhecimento e sobre eventuais conflitos de interesse. "Os meus ministros sabem que eu não intervenho sempre que há qualquer coisa que possa suscitar alguma dúvida", diz. "Eu não faço, não fiz nem vou fazer fretes a ninguém. Eu não tirei nenhum benefício desta empresa".
"Creio que não [fui imprudente]", assume Luís Montenegro
O primeiro-ministro acredita que não cometeu qualquer "imprudência" no âmbito do caso da empresa familiar que está no centro da atual crise política. A afirmação foi feita esta segunda-feira numa entrevista na TVI/CNN.
"Creio que não [fui imprudente]", respondeu quando questionado se sentia que se enquadrava na circunstância em que se encontrou o ex-secretário de Estado da Administração Local e Ordenamento do Território. Num debate quinzenal, no início de fevereiro, o primeiro-ministro, Luís Montenegro, afirmou que Hernâni Dias cometeu "uma imprudência" ao criar duas empresas que poderiam beneficiar com a nova lei dos solos, da qual estava responsável no Ministério da Coesão Territorial.
"Sobre a criação de duas empresas, ou a participação em duas empresas, foi uma imprudência do senhor secretário de Estado. Claro que foi. E foi por isso que ele assumiu a dimensão política dessa ação", referiu.
Pedro Nuno invoca Sá Carneiro para criticar Montenegro
O líder do PS recorreu a um dos fundadores e nomes históricos do PSD para atacar o primeiro-ministro, Luís Montenegro.
"A política sem risco é uma chatice. A política sem ética é uma vergonha", disse Pedro Nuno Santos, em entrevista à SIC, citando Francisco Sá Carneiro.
Questionado sobre se o Presidente da República poderá optar por uma solução que não passe por eleições, o líder socialista lembrou a decisão de Marcelo Rebelo de Sousa aquando da saída de António Costa.
"A única coisa que sei, em relação ao Presidente da República e ao histórico, é que há coisa de um ano, o Presidente recusou uma solução apresentada por um partido que tinha maioria no Parlamento de substituir o primeiro-ministro. Desta vez nem sequer há uma maioria parlamentar", referiu.
Líder do PS diz que "seria impensável" os socialistas não votarem contra moção de confiança
"Depois de termos dito ao longo de um ano que chumbaríamos uma moção de confiança, não poderíamos votar de outra forma", asseverou Pedro Nuno Santos em entrevista à SIC.
"Seria impensável que depois de há uma semana o PS ter afirmado que votaria contra uma moção de confiança agora ter outra posição", reforçou.
Pedro Nuno: "O único objectivo do primeiro-ministro é evitar uma comissão parlamentar de inquérito"
"O único objectivo do primeiro-ministro é evitar uma comissão parlamentar de inquérito", defendeu Pedro Nuno Santos.
O líder socialista frisou que o ministro das Finanças tinha dito que depois de duas moções de censura rejeitadas não haveria necessidade de uma moção de confiança. "Foi só depois de o PS ter indicado que ia requerer uma comissão parlamentar de inquérito, que o primeiro-ministro decidiu avançar com uma moção de confiança", sublinhou Pedro Nuno.
O secretário-geral dos socialistas defendeu a opção por uma comissão parlamentar de inquérito por ser a única forma de ser apresentada prova documental.
"Não podemos ter um primeiro-ministro que recebe avenças a troco de nada", disparou.
Moção de confiança "é um pedido de demissão cobarde", acusa Pedro Nuno
O secretário-geral do Partido Socialista, Pedro Nuno Santos, acusou esta segunda-feira o primeiro-ministro, Luís Montenegro, de recorrer à moção de confiança como "um pedido de demissão cobarde".
"Só há uma forma de evitarmos eleições. E essa forma é o Governo retirar a moção de confiança", começou por dizer o líder socialista. "Não podemos virar o mundo ao contrário e colocar a pressão sobre o PS", sublinhou.
"O primeiro-ministro quando apresenta a moção de confiança sabe à partida qual será a posição do PS e da maior parte dos partidos no Parlamento. É um pedido de demissão cobarde", atirou.