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Montenegro fez mais-valia de 200 mil euros com ações do BCP
Primeiro-ministro revelou que a sua declaração de rendimentos deste ano vai ter um valor extra de 200 mil euros. É uma mais-valia de uma aposta em ações do BCP que deu um ganho após anos de um investimento "sofrido".
Luís Montenegro garante que todo o dinheiro que recebeu ao longo dos anos tem correspondência direta com o seu trabalho. Há, contudo, montantes que resultam de investimentos das suas poupanças, alguns deles realizados em bolsa. Foi acionista do então BPA, mas acabou por vender com ganhos. Voltou a colocar dinheiro no BCP, um investimento que classifica como "sofrido", mas, mais uma vez, alienou os títulos com uma mais-valia expressiva.
Em entrevista à CNN/TVI, para explicar o caso "Spinumviva", que vai levar o primeiro-ministro a apresentar uma moção de confiança no Parlamento, Montenegro abordou o tema do dinheiro que tem e que lhe permitiu comprar dois apartamentos T1 em Lisboa e que, agora, está a fazer obras para transformar num duplex. "O meu património não tem um cêntimo que não resulte da minha força de trabalho e da minha família", começou por dizer. E "não há dúvida nenhuma que o meu património se concilia com os meus rendimentos".
Há uma parte, contudo, que resulta dos investimentos realizados. "Aqui ou ali" houve rendimentos das "minhas poupanças, dos meus investimentos e aplicações", nomeadamente na bolsa. Começou a investir em 1998, altura em que comprou "ações do Banco Português do Atlântico", tendo até contraído um empréstimo para as pagar. "Elas foram transformadas do BPA em BCP. Andei com elas muito tempo até que um dia as vendi, e vendi com uma mais-valia ainda razoável", contou.
"Mais tarde, acabei por fazer uma asneira que foi retomar a compra de ações do BCP. Está em todas as minhas declarações do Tribunal Constitucional. Durante muitos anos tive esse investimento... Nos últimos 10, 12 anos. Foi um investimento muito sofrido porque estive muito tempo em perda", afirmou Montenegro.
Primeiro-ministro
A estratégia acabou por ser a de baixar o custo médio dos títulos para tentar evitar perdas. "Num dos últimos aumentos de capital decidi comprar o equivalente àquilo que já tinha e, portanto, tentar baixar o preço médio das aquisições para tentar recuperar a poupança que estava ali acumulada", disse, acrescentando que a aposta revelou-se certeira.
"Decidi vender essas ações na semana anterior a ter tomado posse como primeiro-ministro. Vendi essas ações e tive, até, uma mais-valia muito significativa que vai constar da minha declaração de rendimentos deste ano", afirmou. Essa mais-valia foi "de cerca de 200 mil euros", acrescentou.
Montenegro vendeu as "ações porque entendi que apesar de isto vir desde 1998, entendi que como primeiro-ministro não devia ter ações de uma entidade cotada na bolsa". Contudo, continuou a acompanhar a cotação do banco liderado por Miguel Maya no mercado de capitais onde os títulos têm brilhado: "se eu tivesse mantido essas ações, elas já teriam valorizado mais de três vezes", atirou.